A Petrobras anunciou na última semana o fim da Paridade de Preços de Importação (PPI) para a gasolina, medida que tem entre seus objetivos reduzir o preço do combustível no país. Na ocasião, a petroleira promoveu um corte de R$ 0,40 no litro repassado às distribuidoras.
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As medidas adotadas aumentaram as expectativas dos consumidores por uma queda no custo do produto. É importante destacar que a estatal também busca oferecer maior previsibilidade aos consumidores brasileiros ao deixar de vincular seus preços às cotações internacionais.
Na semana passada, o anúncio da mudança provocou uma queda de R$ 0,22 no valor médio da gasolina vendida no país, segundo o Panorama Veloe de Indicadores de Mobilidade, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O patamar representa cerca de metade do corte feito nas refinarias.
Mas afinal de contas, por que os consumidores não são beneficiados pelo desconto integral? O preço pode cair mais, ou o motorista deve se contentar com a cotação atual?
Fatores envolvidos
Primeiro de tudo, é importante lembrar que a gasolina vendida nos postos não é “pura”, ou seja, ela é resultado de uma mistura com etanol anidro. Como não houve desconto nesse produto, é normal que o repasse não seja integral.
Além disso, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos-CE) lembra que as mudanças para as distribuidoras podem levar um tempo para chegar ao cliente final.
“Junto ao aumento dos impostos, o preço estipulado pela Petrobras é uma das variáveis mais importantes para haver uma alteração do preço dos combustíveis. Porém, a chamada ‘cadeia de combustíveis’ é composta não só pelas refinarias, mas também pelas distribuidoras e pelos postos de combustível, o que pode tornar o processo de entrega do novo preço ao consumidor final mais lento”, explica Antônio José, presidente do Sindipostos-CE.
Muitas vezes, esse atraso é resultado do processo de venda do produto, já que o estabelecimento quer vender o combustível comprado anteriormente da Petrobras mantendo sua margem de lucro. Somente quando começa a comercializar o combustível adquirido com desconto, a empresa repassa essa diferença.
Livre concorrência
Segundo Antônio José, há ainda que se considerar a livre concorrência entre os postos, ou seja, a liberdade que o estabelecimento tem de definir seus preços.
“Cada dono de posto tem liberdade para estipular seus valores, e muitos deles baixam para obter lucro mais rápido, sendo seguidos pelos concorrentes, de modo a evitar que seu empreendimento seja prejudicado. Dessa maneira, quando há uma baixa em momentos como esse, já não é mais possível baixar o preço, pois o desconto foi feito previamente”, diz.
Também podem influenciar no preço final da gasolina elementos como os custos com transporte, segurança, frete e manutenção, além da variação do mercado externo.