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Se a moda pega! França polemiza ao usar xixi como técnica de fertilização

Já pensou consumir uma fruta ou verdura cultivada com xixi humano? É isso que está acontecendo na França, mas poucos sabem. Entenda!



O restaurante Club 2011, no norte de Paris, decidiu tomar uma atitude curiosa quando começou a construir os seus sanitários. O projeto dos banheiros foi criado para separar os excrementos dos seus clientes. Dessa forma, a urina vai para um lado enquanto as fezes vão para o outro. “É uma privada mecânica, sem água, que separa a parte líquida da sólida em coletores”, explicou Fabien Gandossi, dono do restaurante, sobre a inovação.

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Em vez de ser descartado pela descarga, a urina é separada e direcionada diretamente para um recipiente à parte. No caso das fezes, elas serão evacuadas por uma esteira. Com esse sistema, é possível economizar milhares de litros de água potável e, com isso, torna a utilização das fezes como adubo muito possível.

A urina é recuperada por um caminhão, que aspira todo o líquido do recipiente e o transforma em fertilizante. Posteriormente, esse xixi será utilizado pelos agricultores da região parisiense, segundo explicação de Gandossi.

Medida é mais sustentável para o planeta

A fazenda do Trou Salé é uma das que já utilizam o xixi humano como fertilizante. Ela está localizada em Saclay, no sul de Paris. Seu dono, Julien Thierry, cultiva cereais e aceitou testar a urina em parte da sua plantação de milho.

“Normalmente, usamos fertilizante químico ou mineral. A ideia é substituir esse adubo por urina. Na agricultura, sempre usamos adubos de origem animal ou estrume, o que dá na mesma, só que, neste caso, o adubo é de origem humana. Será que tem um problema de aceitação do público em geral? Não sei”, afirmou.

A medida diminui a emissão de gases causadores do efeito estuda, visto que os fertilizantes são indispensáveis para o setor agrícola e a sua fabricação gera a emissão de toneladas de gases poluentes, ao contrário da urina. “A urina contém 5 g/L de azoto e 2 g/L de fósforo. Esta é praticamente a mesma concentração da ureia, que é um adubo usado em toda a agricultura francesa”, explica Benjamin Clouet, da empresa Ecosec.

Uso do xixi não é novidade na agricultura

De acordo com Clouet, a urina já era utilizada antigamente pelos produtores. “Nos anos 1900, agricultores conhecidos no mundo todo recuperavam os excrementos nas fossas de Paris”, contou.

O intuito é de fazer com que, a longo prazo, a urina não seja mais descartada como um simples detrito.

No quesito eficiência, os primeiros testes a respeito da qualidade do adubo de urina foram feitos no ano passado pela associação Terre e Cité. Para a surpresa de muitos, o resultado foi positivo. “Chegamos a níveis de fertilização que são equivalentes aos dos fertilizantes químicos, então sabemos que esse método funciona bem com o trigo. Agora queremos testar em culturas que predominam em Saclay, como milho e outros cereais, mas o caminho ainda é longo”, afirmaram.

Ao contrário do que muitos podem estar pensando, o risco de doenças com a nova tecnologia também foi descartado. De acordo com a OMS, o amoníaco utilizado na urina é tóxico para as bactérias, logo é preciso somente alguns meses de estocagem para que o xixi fique livre de possíveis micróbios.




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