O governo federal anunciou as linhas gerais do seu pacote de medidas para baixar os preços de carros populares novos no país. O programa, que ainda depende da aprovação do Ministério da Fazenda, já afeta o mercado de veículos usados, que registraram queda nos preços.
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A promessa é de cortes de 1,5% até 10,96% nos valores de modelos de até R$ 120 mil. Na última sexta-feira (26), pouco após o anúncio, já era possível ver uma queda nos seminovos (com até três anos de uso), conforme dados da Mobiauto.
Segundo Sant Clair de Castro Jr., presidente do marketplace, ainda não é possível falar em percentuais de queda. “Só teremos uma ideia melhor do que aconteceu nesse mercado no início da semana, mas já deu para sentir uma diferença na curva dos preços”, afirma.
Corte já começou
Os revendedores de seminovos com veículos em estoque já saíram no prejuízo, uma vez que esse tipo de modelo terá desvalorização após a redução no custo dos novos. Por isso, eles decidiram começar a baixar os preços logo após o governo anunciar as medidas.
“Anunciaram o programa, mas não executaram. Esse período entre o anúncio e a execução gera expectativa e se reflete também nos preços dos usados”, completa o executivo. O prazo para o Ministério da Fazenda avaliar as medida é de até 15 dias.
O mercado parece apoiar as ações. “Vender carro novo a preços abaixo de R$ 60 mil muda muita coisa. Para muitos, faz grande diferença ter a parcela do financiamento reduzida de R$ 2 mil para R$ 1,5 ou R$ 1,6 mil”, completa Castro Jr.
O último fim de semana do mês tradicionalmente é aquele em que mais carros são vendidos no país. No entanto, o anúncio do pacote paralisou os negócios envolvendo modelos abaixo de R$ 120 mil, justamente os que serão beneficiados.
Demandas dos sindicatos
Uma das demandas dos sindicalistas para o novo programa era a manutenção dos empregos na indústria. Entretanto, o governo não fez esse compromisso.
“Todo anúncio de incentivo é bem-vindo, mas os trabalhadores precisam estar incluídos na proposta, com proteção ao emprego e conteúdo local”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, em um informativo.
Os sindicatos também defendem ações voltadas para o reaquecimento do mercado de caminhões e ônibus, que estão em queda devido aos preços altos. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o cenário atual será revertido após cortes nas taxas de juros.