Carros populares: vendas caíram 15,15% mesmo com o incentivo do governo

Vendas de carros caíram na média diária, mesmo com o sucesso dos descontos. Entenda essa conta.



Um dado sobre a venda de carros no Brasil está dando o que falar. Apesar do programa de incentivos para a compra de carros zero-quilômetro ser considerado um sucesso, as vendas de carros caíram 15,15% na média diária durante o mês de junho, de acordo com os dados da Fenabrave/Senatran compilados pela Cavalcante Consultoria.

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Embora o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) tenha divulgado que mais de 90% dos recursos destinados ao segmento de automóveis leves tenham sido utilizados, isso não tem sido suficiente para impulsionar as vendas a superarem o mês de maio, que já foi considerado fraco para o setor.

Uma das principais razões para essa queda é o fato de que, desde o anúncio dos benefícios, em meados de maio, as locadoras, que são os principais clientes da indústria automotiva, suspenderam a compra de carros aguardando pelos descontos. Essas locadoras adquirem mensalmente cerca de 40 mil veículos.

Vendas de carros caíram por conta das montadoras

As vendas aumentaram, portanto, entre pessoas físicas, mas ficaram praticamente paradas nas locadoras.

Segundo o consultor automotivo Marcelo Cavalcante de Lima, até o dia 22 de junho, o varejo conseguiu vender 57.333 unidades, mantendo-se estável em relação a maio, com um crescimento de apenas 0,09%. Por outro lado, o atacado registrou uma queda de 32%, com a venda de 35.509 veículos. Vale ressaltar que maio já foi considerado um mês fraco, uma vez que os consumidores adiaram suas compras aguardando pelos descontos.

A redução das compras pelas grandes frotistas, somada à postergação das aquisições na última semana de maio, é motivo de preocupação. O desequilíbrio nos estoques das montadoras pode resultar inclusive em paralisações na produção, especialmente nas marcas com maior presença no setor de locação, opina o especialista.

É importante destacar que as marcas que mais investiram no programa continuam a registrar quedas. A Fiat e a Jeep, por exemplo, são responsáveis por R$ 190 milhões dos recursos autorizados pelo governo, mas estão enfrentando reduções nas vendas de 25% e 20%, respectivamente, devido à diminuição das compras por parte das locadoras, segundo a colunista Paula Gama, do UOL.

As locadoras tem expressado o desejo de receber os benefícios. Paulo Miguel Júnior, conselheiro da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), afirmou que, desde que o programa foi anunciado em maio, as locadoras suspenderam as compras de veículos de até R$ 120 mil para aguardar os descontos. Ele mencionou que o grupo esperava obter mais descontos diretamente das empresas, considerando o volume de compras que realizam.

No entanto, na última semana, quando as locadoras poderiam começar a aproveitar os benefícios, já que as regras iniciais estabeleceram os primeiros 15 dias exclusivamente para pessoas físicas, o presidente Lula da Silva (PT) prorrogou o prazo por mais 15 dias. A Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA) recebeu essa mudança com surpresa.

“A prorrogação impede exatamente o principal cliente das montadoras, responsável pela compra de 30% dos automóveis e comerciais leves vendidos no país – e que assim contribui diretamente para a estabilidade da indústria automotiva, de participar do programa que também foi criado para que as montadoras pudessem vender estoques parados”, afirmou a associação.

A ABLA ressaltou ainda que, se a medida contemplar todos os compradores, tanto pessoas jurídicas quanto físicas, de maneira justa e não discriminatória, ela alcançará o objetivo de ampliar a produção, o que é fundamental para a efetividade da medida provisória e o estímulo ao emprego na indústria automotiva.




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