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Enem para quê: jovens não veem o exame como uma porta para o sucesso

Enquanto a geração anterior viu no ensino superior uma chance de ascender, a nova geração parece não ver mais o Enem como porta do sucesso, mesmo entre os mais pobres. Entenda os motivos!



As inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio terminaram na última sexta-feira (16), o número de inscritos passou os 4,6 milhões nesta edição de 2023, mas o número ainda não chega nem perto dos 8,7 milhões inscritos em 2014, há pouco menos de uma década. Os jovens estão parando de ver o Enem como porta do sucesso?

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Segundo especialistas, sim, os jovens não acreditam mais que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) seja a principal chance de desenhar uma vida adulta de sucesso.

Entre os motivos apontados, está a falta de programas de incentivo do governo tem levado os estudantes que concluem o ensino médio a optarem por trabalhar e deixar o exame para depois.

Desde 2017, o total de inscritos no Enem vem diminuindo, mas nos últimos anos a queda tem se intensificado. Em 2014, houve um recorde de mais de 8,7 milhões de candidatos, enquanto em 2022 esse número caiu para pouco mais de 4,3 milhões. A pandemia do coronavírus agravou a situação, tornando o ano de 2021 o de menor interesse pelo exame desde 2005, com apenas 3,1 milhões de inscritos.

Geração Z não vê o Enem como porta do sucesso, mesmo entre os mais pobres

Essa diminuição no interesse pode ser atribuída a diversos fatores. A professora Ana Karina Brenner, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), explica que o Enem deixou de ter a função de certificador de conclusão do ensino médio, o que levava muitas pessoas a se inscreverem não para ingressar no ensino superior, mas para obter o diploma de conclusão.

Além disso, em muitas famílias, a dificuldade de conclusão do ensino médio e a necessidade de trabalhar para sustento imediato também influenciam no adiamento do exame.

Outro fator apontado pelos especialistas é a falta de programas de apoio aos jovens, como bolsas moradia e bolsas alimentação. Muitos estudantes de baixa renda que ingressam nas universidades por meio de cotas acabam abandonando os estudos devido à falta desses benefícios.

A pandemia também contribuiu para a dificuldade de conclusão do ensino médio e afetou a motivação dos jovens em relação ao Enem.

Diante desse cenário, os especialistas ressaltam a importância de oferecer esperança aos jovens e promover mudanças estruturais. É necessário que as escolas estaduais auxiliem os estudantes na preparação para o Enem, estabelecendo uma conexão entre a conclusão do ensino médio e a inscrição no exame.

Além disso, é fundamental o apoio do governo por meio de políticas públicas que possibilitem o acesso e a permanência dos jovens no ensino superior, reduzindo os custos e os desafios enfrentados pelas famílias.

“Os jovens precisam ter novas esperanças sobre possibilidades positivas de futuro”, pontua a especialista. Este ano, com o fim da pandemia e o aumento das bolsas na graduação, uma faísca de esperança parece ter nascido: o número de inscritos foi 8,2% maior que o ano passado.




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