O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), considerado o medidor oficial da inflação, teve queda de 0,08% em junho. Essa foi a primeira variação negativa do ano, resultado em deflação.
Leia mais: Valores a Receber? Pode ser golpe: sites ‘imitam’ o BC para roubar vítimas
O resultado também é o menor para o mês de junho desde 2017, quando o IPCA recuou 0,23%. No acumulado de 12 meses, a inflação chega a 3,16%, nível mais baixo desde setembro de 2020.
Economistas previam queda de 0,09% em junho, conforme mostra o boletim Focus do Banco Central. Assim, a variação ficou em linha com as expectativas do mercado.
Motivos da queda
O recuo do IPCA foi puxado especialmente pelos combustíveis, como diesel (-6,68%), etanol (-5,11%), gás veicular (-2,77%) e gasolina (-1,14%). Nas últimas semanas, a Petrobras alterou sua política de preços e realizou novos cortes nos preços praticados em suas refinarias.
Os números também receberam a contribuição do programa de incentivo à compra de carros novos lançado pelo governo federal. Cerca de 125 mil veículos foram vendidos com descontos entre R$ 2 mil e R$ 8 mil, derrubando os preços do automóvel novo em 2,76%.
Também se destaca o item alimentação no domicílio (-1,07%), puxado por quedas nos preços do óleo de soja (-8,96%), das frutas (-3,38%), do leite longa vida (-2,68%) e das carnes (-2,10%).
Impacto nos próximos meses
Apesar da folga, economistas indicam que o IPCA deve voltar a subir a partir de agosto. Já neste mês, uma combinação de motivos ainda deve manter a inflação próxima a zero.
A partir de agosto, a baixa na energia elétrica causada por um saldo positivo na venda de energia da usina binacional em 2022 deve chegar ao fim. Com o impacto na conta de luz, o indicador pode voltar a subir nos próximos meses.
Um dos impactos da deflação, mesmo que ela não deva persistir, pode ser o início dos cortes na taxa básica de juros pelo Banco Central. “As expectativas de inflação estão voltando para a meta e o câmbio também está ajudando bastante. Todos esses fatores vão ajudar o Banco Central a iniciar esse relaxamento monetário”, diz Andréa Angelo, analista de inflação na gestora de investimentos Warren Rena.
“Isso aos poucos vai ajudar o crédito a ficar mais barato e é isso que chega na ponta para o consumidor”, acrescenta.
A queda nos juros deixa o crédito mais barato, o que impulsiona a atividade econômica. Outro efeito positivo é o aumento no poder de compra das famílias, atualmente prejudicado pela alta de preços.
Mais um fator que pode ser citado como positivo é a melhora da percepção da população sobre a economia, o que beneficia o governo.
A expectativa do mercado é que os cortes na taxa básica começarão em agosto com uma redução de 0,25 ponto percentual, seguido de novos cortes de 0,50% nos meses seguintes. Ao fim de 2023, os economistas veem a Selic a 12% ao ano e a inflação a 4,95%.