O preço do azeite de oliva vem preocupando consumidores do varejo e donos de restaurantes em todo o país. Segundo relatos de clientes, o produto em embalagens de 500 ml é vendido por até R$ 40 nos supermercados brasileiros.
Leia mais: A volta do horário de verão em 2023? Lula ainda não se decidiu
Um levantamento da Horus, feito com base em 40 milhões de notas fiscais mensais, mostrou que o azeite virgem custava em média R$ 20 em julho de 2021. Um ano depois, o preço foi a R$ 25, e agora chega a R$ 30.
A alta de 50% no preço médio em dois anos é muito superior à inflação, que no período acumulou 15%, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Para piorar, a expectativa é de agravamento na situação.
Preço não deve cair
Os estoques globais do alimento atingiram mínimas históricas, o que somado a expectativas ruins para a próxima safra na Europa e com a previsão de agravamento das mudanças climáticas, deve manter os valores nas alturas. Segundo analistas, os preços altos devem ser considerados pelos consumidores como o “novo normal”.
“Para explicar a alta nos preços do azeite é preciso voltar à safra passada. Os principais países exportadores de azeite tiveram um período de crescimento [das oliveiras] muito, muito seco. As árvores não tiveram umidade suficiente e muitas delas não produziram nenhum fruto”, explica o analista de óleos vegetais da Mintec, Kyle Holland, em entrevista à BBC News Brasil.
A Espanha, que costuma produzir entre 1,3 e 1,5 milhão de toneladas métricas de azeite por ano, na safra 2022/2023 produziu apenas 610 mil na última colheita. Muitos já preveem a possibilidade de esgotamento dos estoques espanhóis em pouco tempo.
“O ritmo de saída mensal de azeite das cooperativas de prensa e envase é maior do que sabemos que temos de azeite produzido este ano. Assim, acontece algo que nunca aconteceu na história: não sabemos se vamos chegar a setembro-outubro com azeite na Espanha. Veja a loucura que está acontecendo”, diz o agricultor andaluz Tomy Rohde.
Para pressionar ainda mais o mercado, a Turquia, um dos principais produtores alternativos de azeite, proibiu a exportação até novembro.
Brasileiros devem se preparar
Quando o assunto é importação de azeite de oliva, o Brasil perde apenas para os Estados Unidos. Antes da crise atual, o país importava cerca de 100 mil toneladas métricas por ano, segundo o Conselho Oleícola Internacional.
Embora a produção nacional tenha avançado em 2023, ela não chega a 1% do volume total consumido no mercado doméstico, o que deixa os brasileiros à mercê das variações globais.
“As empresas estão fazendo todos os esforços para não colocar no preço todo esse problema mundial. Elas estão segurando [reajustes], mas obviamente não dá para fazer isso na sua totalidade e durante muito tempo”, afirma Rita Bassi, presidente da Oliva (Associação Brasileira de Produtores, Importadores e Comerciantes de Azeite de Oliveira).
“Quando há um cenário de escassez da oferta e aumento do preço da matéria-prima, aparecem os oportunistas e a fraude aumenta muito. Portanto, recomendo aos consumidores: cuidado com a marca que você compra, evite marcas desconhecidas. Fique atento ao preço, pois milagres não existem. E tente aproveitar as promoções no varejo das marcas que você já conhece e confia”, completa.