Felipe Massa iniciou uma briga na Justiça contra a F1. Ele deseja ser reconhecido como verdadeiro campeão de 2008 e uma indenização que abarca tudo o que ele deixou de ganhar por ter sido privado da vitória de lá para cá.
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De acordo com o advogado do atleta, Bernardo Viana, em entrevista à Folha de São Paulo, as perdas de Massa podem ultrapassar US$ 100 milhões – na cotação atual, aproximadamente R$ 494 milhões.
“É só a gente voltar atrás, olhar as informações sobre os aumentos de contratos de campeões, patrocínios e tudo o mais. Isso fora o ganho de imagem que ele teria”, disse ele à Folha. “Estamos falando de uma causa muito substancial”, diz. “Mas, só para acentuar, o principal objetivo dele é esportivo.”
Movimentação
O assuntou voltou à tona nesta semana porque os advogados de Felipe Massa enviaram “preservation notices” para Flavio Briatore, Pat Symonds, Steve Nielsen, Ferrari, Renault-Alpine e para a ING (então patrocinadora da equipe francesa).
Foram requerimentos formais para garantir a preservação de documentos, muito usados para tornar o destinatário ciente de uma ação judicial. Neste caso, o objetivo é evitar modificação ou destruição de documentos relacionados ao GP de Singapura de 2008.
O que aconteceu, gente?
Segundo o processo, Pat Symonds, engenheiro da Renault na época do GP, teria pedido que Nelson Piquet Jr, filho de Nelson Piquet, batesse de propósito na corrida. Isso beneficiaria Fernando Alonso e alterou toda a dinâmica da prova, prejudicando Felipe Massa, que estava liderando no momento.
Isso também teve um impacto na decisão do Mundial. Na época, Lewis Hamilton venceu por um ponto de diferença, jogando Massa para o segundo lugar.
Felipe Massa: “Isso é muito grave”
Hoje, Flavio Briatore, que era chefe da Renault, é embaixador da F1; Pat Symonds trabalha na Formula One Management (FOM), parte comercial da categoria. E Steve Nielsen está na Federação Internacional de Automobilismo (FIA).
Massa resolveu entrar na Justiça após entrevista de Bernie Ecclestone. Então figurão da F1, ele afirmou que juntamente com o ex-presidente da FIA e também o diretor de provas Charlie Whiting, souberam da suposta movimentação de bastidores. E optaram por não fazer nada. “Isso é muito grave”, ressaltou Felipe Massa em entrevista.
Ecclestone, todavia, criticou a movimentação do piloto. “Só se preocupa com dinheiro, mas as chances de isso [ganhar a ação judicial] são zero”, disse.
Apoio
Massa tem articulado e pedido apoio e colegas do esporte, como Piquet e Hamilton. E, até agora, não houve qualquer movimentação da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA). A equipe do atleta não entende por quê.
À Folha de São Paulo, a entidade enviou uma nota. No texto, diz que o presidente da CBA já manifestou apoio no âmbito da FIA, apenas na esfera esportiva. Além disso, ele considera “legítimo e pertinente o pleito do ex-piloto da Ferrari. E, como esportista, o dirigente entende ser o brasileiro o verdadeiro campeão mundial de F1 de 2008″.
Leia a nota completa na íntegra:
“Por princípio, tendo em vista que a razão de sua existência é o Piloto Brasileiro, é dever da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) apoiar incondicionalmente e dar suporte institucional a todo pleito dirigido à FIA por seus filiados e, neste caso, há uma motivação adicional de caráter pessoal [do presidente] em contribuir desportivamente com Felipe Massa.
Neste sentido, o presidente já manifestou seu apoio no âmbito da FIA – e junto ao próprio piloto – exclusivamente na esfera esportiva. Frise-se ‘esportiva’ porque a CBA e seu presidente não têm qualquer envolvimento, interesse e benefícios em eventuais pleitos econômicos, políticos e judiciais.
O presidente da CBA considera legítimo e pertinente o pleito do ex-piloto da Ferrari e, como esportista, o dirigente entende ser o brasileiro o verdadeiro campeão mundial de Fórmula 1 de 2008.
Destaca, porém, que tal posicionamento de forma alguma desmerece o piloto Lewis Hamilton, que exerceu sua atividade de forma competente e longe dos acontecimentos que geraram a discussão que ora se apresenta.
Apesar de Felipe Massa já ocupar um honroso lugar no pódio dos grandes ídolos brasileiros no automobilismo internacional, a hipótese de ser considerado oficialmente o campeão mundial de 2008 representaria um estímulo adicional às novas gerações de pilotos brasileiros que estão sendo formadas no kartismo e nas categorias-escola de monopostos, notadamente a Fórmula 4 e, complementarmente, seria auspiciosa manifestação de justiça.
Para além do campo esportivo e de cidadania, essa correção histórica, mesmo que tardia, representaria outro motivo de honra para a Gestão Giovanni Guerra, eleita em 15 de janeiro de 2021, uma vez que, de lá para cá, já pudemos comemorar os títulos mundiais de Kart (Matheus Morgatto), Fórmula 2 (Felipe Drugovich) e Fórmula 3 (Gabriel Bortoleto).”