Em tempos onde a ciência se dedica a buscar soluções para problemas de saúde, poucas pessoas sabem que, muitas vezes, essas respostas estão onde menos esperamos.
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O veneno de animais, substância que normalmente associamos ao perigo, é um celeiro de compostos com potencial terapêutico. Um exemplo é o Ozempic, medicamento que conquistou espaço no tratamento da obesidade.
Do lagarto à farmácia
O Ozempic, também conhecido pelo nome genérico semaglutida, tem suas raízes ligadas ao monstro-de-gila (Heloderma suspectum).
No entanto, pesquisadores observaram que o veneno desse réptil contém uma substância, a exendina-4, extremamente parecida com um hormônio humano, o GLP-1.
Esse hormônio é crucial para a regulação dos níveis de açúcar no sangue, abrindo um leque de possibilidades para o tratamento do diabetes tipo 2.
Essa descoberta deu origem à semaglutida, que se mantém no organismo por mais tempo e, consequentemente, produz os efeitos terapêuticos desejados.
O resultado? Medicamentos como Wegovy e Ozempic, que têm revolucionado o tratamento de diversas doenças.
A natureza como farmácia
Mas a natureza não para por aí! A jararaca brasileira, uma serpente que causa pavor em muitos, foi fundamental para o desenvolvimento de uma classe de medicamentos para hipertensão.
Seu veneno inspirou a criação do captopril, um antecessor dos medicamentos contemporâneos para pressão alta.
Já os mares nos brindam com caramujos cujo veneno é usado no analgésico ziconotida. E uma pequena criatura, a ascídia caribenha, inspirou a criação da trabectedina, um medicamento inovador contra certos tipos de câncer.
E para quem acha que só os animais exóticos têm sua contribuição, as sanguessugas, usadas há séculos na medicina, originaram medicamentos anticoagulantes vitais para pacientes com riscos de coágulos sanguíneos.
Com todos esses exemplos, fica ainda mais evidente que a natureza tem uma maneira peculiar de nos surpreender e, muitas vezes, nos oferecer esperança nos locais mais inesperados.