Pierre Cardin foi um dos estilistas mais conhecidos de todo o mundo da moda; no entanto, desde sua morte em dezembro de 2020, aos 98 anos, o artista virou assunto não somente por suas peças desenhadas mas também devido à briga de sua família pela herança. Por não ter deixado filhos, a briga está acontecendo entre as 22 sobrinhas e sobrinhos-netos de Cardin, pois todos afirmam que são herdeiros.
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Tamanha briga tem um motivo: um patrimônio avaliado entre 750 milhões a 800 milhões € (cerca de R$ 4,3 bilhões), incluindo licenças, marcas, imóveis em Paris e no sul da França. De um lado, estão as sobrinhas-netas de Cardin, que se são a maior parte da família. O desejo delas é vender o grupo, justificando uma “tentativa de roubo de herança”.
Do outro lado, está Rodrigo Basilicati-Cardin, sobrinho-neto do estilista. Ele se tornou diretor-geral do grupo em 2018 e presidente em 2020. Ao todo, foram cerca de 25 anos trabalhando ao lado de Pierre Cardin. Em sua defesa, Rodrigo afirma que deseja “respeitar a vontade de Pierre Cardin, preservar seu império e defender a sua imagem”.
Testamento deixado por Cardin está em questão
De acordo com as sobrinhas-netas, elas acusam o primo de querer “resgatar todo o patrimônio individual de Pierre Cardin e do grupo com manobras duvidosas e, eventualmente, fraudulentas”. Além disso, as sobrinhas questionam um testamento assinado por Pierre Cardin em 2016, no qual estabelece Rodrigo como seu único herdeiro.
Basilicati-Cardin encontrou o documento em 2022 no prédio de Cardin. A descoberta pareceu “oportuna”, visto que o documento só foi revelado após uma oferta de compra do grupo em que 85% dos herdeiros concordavam.
O testamento está sendo questionado no tribunal civil de Paris.
Disputa chega a campo criminal
A batalha pela herança chegou ao campo criminal após a promotoria de Paris abrir uma investigação. A medida se deu após a queixa apresentada pelas sobrinhas-netas por abuso de fragilidade, de confiança agravada e fraude. As queixas estão sendo analisadas pela polícia parisiense.
Em uma das denúncias feitas, as sobrinhas contestaram as condições em que Rodrigo assumiu o controle da holding, apenas alguns dias após a morte de Pierre. Os questionamentos são relacionados à validade da ata de transferência de partes que a sua avó Giovanna Cardin teria assinado em março de 2000, poucos dias antes de sua morte.
Por fim, Rodrigo entrou com um processo contra a família em junho, por difamação. “Alguns membros da família, que não aceitam que Pierre Cardin tenha me designado para sucedê-lo, intensificam seus processos e tentam mobilizar a imprensa com acusações falsas que têm como único objetivo me prejudicar e afetar o grupo”, alegou.