scorecardresearch ghost pixel



Perigo na torneira: agrotóxicos acima do limite são detectados na água de 28 cidades

Testes de qualidade feitos em cidades dos estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Tocantins revelam perigo para a população.



Testes de qualidade realizados em diversas cidades brasileiras acenderam um sinal de alerta em 28 municípios dos estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Tocantins. Na pesquisa feita em 2022, as autoridades encontraram produtos que apresentam riscos à saúde da população.

Leia mais: Internet sob risco: votação sobre construção de usina é adiada

Os níveis de agrotóxicos encontrados na rede de abastecimento dessas cidades estavam acima do que é considerado seguro pelo Ministério da Saúde. Segundo especialistas, o prejuízo pode ser grande se essa água contaminada for consumida de maneira frequente.

Segundo Fábio Kummrow, professor de toxicologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o consumo de água com altas concentrações de agrotóxicos eleva as chances de desenvolvimento de doenças crônicas, como câncer e distúrbios hormonais, além de problemas no sistema nervoso, nos rins e no fígado.

“O consumo frequente por longos períodos representa sérios riscos, em razão dos efeitos tóxicos crônicos pela exposição durante meses ou anos”, alerta.

Os testes de qualidade devem ser realizados pelas empresas de abastecimento de água e publicados no Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano). A fiscalização é de responsabilidade dos municípios, estados e do próprio Ministério da Saúde.

Agrotóxicos na água

No ano passado, mais de 306 mil testes foram realizados em 2.445 cidades para detectar a presença de agrotóxicos na água. As substâncias encontradas estavam acima dos valores máximos permitido pelo governo em 55 deles, mas o número pode ser bem maior, já que muitas análises foram consideradas inconsistentes.

O produto mais registrado em níveis acima do limite foi o endrin, de uso proibido no Brasil e que pode prejudicar o sistema nervoso. Em segundo lugar está o aldrin, também vetado no Brasil.

“Não dá mais para falar que agrotóxicos proibidos há 20 anos ainda estão na água porque são persistentes. A gente sabe que há uma entrada clandestina”, diz a pesquisadora Cassiana Montagner, do Instituto de Química da Unicamp.

“Esses químicos ainda estão sendo usados nas lavouras brasileiras, mesmo com os riscos comprovados à saúde da população. Ao detectar essas substâncias, o poder público deveria aumentar a fiscalização para mitigar o uso”, completa.

Cidade no topo da lista

No topo da lista de cidades com mais registros de água contaminada está Aruanã (GO), com 17 testes com limites acima do permitido. O município fica a 314 km de Goiânia e às margens do rio Araguaia, região que se destaca pela produção de soja, feijão, milho e arroz.

A Saneago, empresa responsável pelo abastecimento da cidade, alega que houve erro de digitação no preenchimento da planilha do Ministério da Saúde. Segundo a empresa, os dados estão “equivocados” e acima dos valores encontrados em análise própria.

“Há total garantia da segurança da água tratada distribuída no município”, disse a empresa em nota.




Veja mais sobre

Voltar ao topo

Deixe um comentário