O que era para ser uma “caçada” para encontrar combustíveis fósseis, por ironia acabou sendo um achado importantíssimo para a luta contra o aquecimento global. E, claro, uma das chaves para reverter a crise climática.
Leia mais: Como será o clima no Brasil no mês de novembro?
Dois cientistas usaram uma sonda especializada para analisar o subsolo do nordeste da França. O equipamento usado por Jacques Pironon e Phillipe De Donato, diretores do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França, avalia os gases dissolvidos na água de formações rochosas.
Em entrevista à CNN, Pironon contou que a sonda encontrou baixas concentrações de hidrogênio a algumas centenas de metros abaixo da terra. O que era esperado.
Entretanto, mais abaixo, a concentração deste gás começou a aumentar. Em uma diferença de apenas 150 metros, a concentração saltou de 14% para 20%. Foi então que se depararam com um grande reservatório de hidrogênio no subsolo do local.
Hidrogênio “natural”
Para quem é leigo, pode não parecer muita coisa. Mas, segundo Pironon, é uma descoberta surpreendente. O cientista pontuou à CNN que o reservatório pode ter entre 6 milhões e 250 milhões de toneladas métricas de hidrogênio.
E este não é qualquer hidrogênio, é um hidrogênio conhecido como “ouro”, “geológico” ou “natural”. Ou seja, que é produzido naturalmente na crosta terrestre. Além de ser raríssimo de encontrar.
Por que ele pode ajudar na crise climática?
Quando queimado, o hidrogênio produz água. Então, a indústria o vê como uma potencial fonte de energia limpa para alguns setores, como siderúrgica, avião e navegação.
Embora o hidrogênio seja muito abundante na atmosfera, geralmente está atrelado a outras substâncias. E a “limpeza” dele é feita em um processo que consome muita energia – processo este que é alimentado por combustíveis fósseis.
Então, esta “reserva” do gás é muito interessante. É uma fonte abundante e inexplorada de uma energia limpa.
Gargalos
O depósito encontrado pelos dois cientistas não é o único. O hidrogênio “natural” já foi encontrado nos Estados Unidos, na Austrália, na Rússia, em Omã, em Mali e também em outros países Europa.
Há uma estimativa, inclusive, de que possa haver bilhões de toneladas deste gás no planeta Terra. E já tem gente de olho nisso. Algumas start-ups já começaram com investimento pesado.
E tudo isso é muito bom, mas, de acordo com os cientistas, ainda é muito hipotético. O comércio deste gás ainda é pouco paupável e esbarra, sobretudo, em regulamentações de alguns países e também no custo para a extração.
De acordo com a CNN, ainda pode haver um longo caminho para que o hidrogênio “ouro” seja uma realidade do nosso dia a dia. Fala-se em um período de décadas de tentativas e erros. E, se demorar muito, pode não ser de grande utilidade.
