Microplásticos em água mineral: de 280 amostras, apenas uma passou no teste

Águas engarrafadas podem conter altos níveis de plástico, microplástico e nanoplástico. Entenda os riscos.



Muita gente opta por consumir água mineral em garrafa por fatores como “sabor”, “cheiro” ou mesmo por acreditar que é melhor para a saúde. Contudo, o que muitos não sabem é que esse tipo de água costuma ter níveis altos de plástico, microplástico e nanoplástico por conta da própria embalagem.

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Diante deste cenário, pesquisadores da Universidade de Columbia analisaram três marcas populares de água mineral nos Estados Unidos. O objetivo era identificar se havia a presença de micro ou nanoplásticos. Para isso, usou-se uma técnica chamada Espalhamento Raman Estimulado, que se baseia na sondagem de amostras com dois lasers de forma simultânea para ressoar moléculas específicas.

A partir da análise de sete plásticos comuns, os pesquisadores geraram um algoritmo para interpretar os resultados.

Resultados

Tal estudo descobriu que, em um único litro de água mineral de garrafa há 240 mil fragmentos de plásticos detectáveis. Esse número represente algo entre 10 e 100 vezes mais do que as estimativas anteriores. Para ser mais exato, os pesquisadores afirmaram ter encontrado entre 110mil e 370 mil fragmentos de plástico em cada litro. Deste montante, 90% eram nanoplásticos.

Para ficar mais claro, os pesquisadores consideram como microplásticos, aqueles com tamanho entre 100 nanômetros e cinco milímetros. Por outro lado, os nanoplásticos tem tamanho igual ou inferior a 100 nanômetros.

Plásticos comuns

Um dos plásticos mais comuns encontrados foi o tereftalato de polipropileno (ou Polietileno tereftalato), ou seja, o tão conhecido PET, material usado na fabricação de muitas garrafas.

A questão é que estes fragmentos de plásticos entram na água por se quebrarem, quando a garrafa é espremida ou exposta ao calor. Outros estudos apontam, inclusive, que essa contaminação também pode ocorrer com o abrir e fechar repetidamente a tampa.

Contudo, um outro tipo de plástico superou a presença do PET na água mineral. Trata-se do poliamida, ou seja, um tipo de náilon que deve ter origem nos filtros plásticos usados para supostamente purificar a água antes do processo de envase.

O estudo também encontrou a presença de poliestireno, cloreto de polivinila e polimetilmetacrilato. Contudo, o mais assustador é que as amostras também continham outros plásticos que nem os pesquisadores conhecem. Nesse sentido, o comunicado da Universidade de Columbia destaca que “os sete tipos de plástico que os pesquisadores procuraram representam apenas cerca de 10% de todas as nanopartículas que encontraram nas amostras. Se todos forem nanoplásticos, poderão ser dezenas de milhões por litro”.

Espanha

Na mesma linha, um estudo do CSIC e do Instituto de Saúde Global de Barcelona aponta uma situação alarmante na Espanha. Isso porque, eles desenvolveram uma forma de quantificar partículas entre 0,7 e 20 micrômetros. A partir daí, houve a análise de 280 amostras de 20 marcas de água. Apenas uma não continha microplásticos, mas todas as 280 amostras possuíam aditivos plásticos.

Em outras palavras, um litro de água contém 359 nanogramas de micro e nanoplásticos. Considerando o consumo de dois litros de água por dia, os pesquisadores estimam que cada ser humano ingere 262 microgramas de partículas de plástico por ano. Ao se observar aspectos de toxicidade, a pesquisa mostrou que três tipos de plastificantes encontrados apresentavam um maior risco para a saúde humana e, portanto, representam riscos ainda maiores.




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