A cada segundo, centenas de compostos químicos saem dos nossos corpos e tomam o ar. Liberados devido ao fato de terem altas pressões de vapor, se transformam em gases à temperatura ambiente, trazendo pistas claras sobre o nosso estado de saúde. Na Grécia antiga, por exemplo, se usava o olfato para diagnosticar doenças. Se eles cheirassem o seu hálito e descrevessem como fetor hepaticus (figado ruim), era um indicativo de que havia a presença de insuficiência hepática.
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Por outro lado, se o hálito fosse doce ou frutado, os gregos acreditavam que era um indício de dificuldade de digestão dos açúcares, podendo indicar diabetes. A grande questão é que os gregos antigos estavam certos. Os odores de nosso corpo são capazes de indicar a presença de doenças no organismo.
VOCs
Ainda nos anos de 1970, Linus Pauling, ganhador do Prêmio Nobel, identificou 250 substâncias químicas gasosas no hálito. Elas receberam o nome de compostos orgânicos voláteis (VOCs, em inglês). Desde então, outras centenas de VOCs foram identificados em nossa respiração. Muitos deles com odores característicos e outros que o nosso sistema respiratório não consegue perceber.
Assim, independente de ser um VOC identificável ou não por nossos narizes, o fato é que ele pode trazer informações sobre a saúde da pessoa. Prova disso é que o início da doença de Parkinson de um homem escocês foi identificado por sua esposa, que era enfermeira. Ela o convenceu de que o cheiro dele havia mudado anos antes do diagnóstico. A partir daí, programas de pesquisa passar a identificar o cheiro preciso desta doença.
Acredita-se que, no futuro, Parkinson e tantas outras doenças poderão ser identificadas simplesmente pela respiração em um dispositivo.
Origem dos VOCs
Contudo, não é só por meio da respiração que é possível identificar os VOCs no corpo. A nossa pele, urina e fezes também emitem tais odores. No caso da pele, os VOCs resultam de milhões de glândulas que removem resíduos metabólicos do corpo, além de resíduos gerados por bactérias e outros micróbios que vivem nela. Na prática, o suor produz nutrientes extras para as bactérias metabolizarem, resultando em VOCs odoríferos. Mas o odor do suor é apenas uma fração dos aromas liberados pelo corpo.
Em suma, os pesquisadores acreditam que os VOCs da pele podem oferecer percepções sobre como as bactérias do microbioma e o corpo humano trabalham juntos para manter a nossa saúde. Outro ponto interessante é que se pode prever a idade de uma pessoa com base em seu perifl de VOCs da pele. Isso ocorre porque, a medida em que envelhecemos, o nosso estresse oxidativo aumenta, gerando mais odores.
Igualmente, é importante destacar que esses VOCs também estão presentes em plantas, insetos e animais e os utilizam como canal de comunicação. As plantas, por exemplo, estão em constante diálogo de VOCs com outros organismos, como polinizadores, herbívoros e outras plantas ou mesmo bactérias e insetos nocivos. Nestes casos, os VOCs utilizados recebem o nome de feromônios.
Feromônios do amor
O reino animal é repleto de exemplos de VOCs que funcionam como afrodisíacos. É o caso, por exemplo, dos camundongos que possuem micróbios que formam um composto malcheiroso que permite que os animais verifiquem a espécie de um parceiro em potencial. Os porcos e os elefantes também possuem feromônios sexuais.
No caso do ser humano, também é possível que haja a produção de VOCs para atração do parceiro perfeito. No entanto, os cientistas ainda não conseguiram decifrar totalmente os VOCs liberados por nosso corpo. De toda forma, os VOCs da pele podem revelar quem somos e como estamos em relação ao envelhecimento, nutrição, condicionamento físico e até mesmo fertilidade e níveis de estresse.