Já é difícil para muitos brasileiros conseguir comprar um carro seminovo, imagine se os preços subirem ainda mais. Pois é isso que esperam os especialistas do mercado automotivo, que preveem um aumento iminente no valor de veículos com até três anos de uso.
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Atualmente, o segmento é bastante procurado pelos compradores que não desejam desembolsar a partir de R$ 70 mil em um automóvel novo com poucos equipamentos. A saída encontrada por eles é gastar o dinheiro com um seminovo, que entrega muito mais por valores semelhantes.
O problema é que essa artimanha para garantir itens como ar-condicionado, central multimídia e até câmbio automático pode estar bem próxima do fim. A explicação é a falta de novos carros de entrada acessíveis no mercado nacional.
Desaparecimento dos seminovos
Durante a pandemia do novo coronavírus, a escassez de componentes fez com que a maioria das montadoras deixasse de lado o modelo de vendas por volume de produção. Assim, elas abraçaram a estratégia de valor agregado e passaram a apostar em carros mais completos e lucrativos.
A troca do volume em prol do alto valor agregado ocorreu, por exemplo, na Fiat. A montadora italiana abandonou os investimentos no Ka e no Fiesta para focar em carros na faixa dos R$ 300 mil.
“Os compradores de carros novos migraram para os seminovos. O problema é que não estão sendo lançados novos automóveis de entrada. Em pouco tempo, não vão existir mais seminovos ‘baratos’. É um problema que não temos como resolver”, diz o presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), Enilson Sales.
“Enquanto a indústria não estiver preocupada em ganhar volume, o brasileiro vai ter que recorrer a carros cada vez mais antigos para caber no bolso”, completa.
Menos unidades disponíveis
Outro problema que contribui com o possível fim dos seminovos baratos em poucos anos é a quantidade de veículos com até três anos de uso disponíveis no mercado. Como a operação nas fábricas foi interrompida durante a pandemia, o volume de unidades disponíveis ficou menor nos últimos anos, o que naturalmente impacta os preços.
“Não existe fábrica de carros usados. Tudo que acontece com os novos nos afeta alguns meses depois. Se falta automóvel novo de entrada, vai faltar seminovo de entrada e, mais tarde, usados”, complementa o executivo.