scorecardresearch ghost pixel



Motorista de app: proposta do governo cobre os custos com a atividade?

Estimativas de gastos mostram se o projeto do governo federal para regulamentar a profissão é vantajoso para os trabalhadores.



Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 2% da população brasileira que trabalha no setor privado atua em plataformas digitais e aplicativos de serviços. São cerca de 778 mil trabalhadores somente nos apps de transporte de passageiros, como Uber e 99.

Leia mais: Saque-aniversário FGTS está disponível até o fim do mês para este grupo

Para garantir mais direitos a esses trabalhadores, o governo federal apresentou ao Congresso uma proposta de regulamentação da atividade. O texto prevê uma remuneração mínima de 32,09 reais por hora trabalhada e jornada máxima de 8 horas por dia, com chance de ampliação para 12 horas diárias após negociação via sindicato.

O que muitos trabalhadores afirmam é que o valor proposto não é suficiente para cobrir todos os gastos com a atividade e ainda fazer sobrar dinheiro no fim do mês. Vale lembrar que os motoristas não gastam apenas com o veículo, mas também com combustível, internet e alimentação, por exemplo.

Outra preocupação é que as plataformas ajustem suas taxas para oferecer apenas o mínimo exigido, ou seja, que façam do piso o teto de remuneração. ”

Agora as plataformas vão poder baixar o valor da tarifa, e quando formos reclamar, vão dizer que estão cobrindo a obrigação de pagar 32 reais por hora dirigindo”, avalia Eduardo Souza de Lima, motorista de aplicativo desde 2016 e presidente da Associação dos Motoristas de Uber de São Paulo.

Além disso, o pagamento será feito por hora efetivamente trabalhada. “E esse é outro ponto, o valor é por hora dirigida. Quando estiver parado, você não ganha”, completa.

Estimativa de gastos

Para descobrir se R$ 32 é suficiente para cobrir os custos dos motoristas, é necessário avaliar algumas variáveis, como o modelo do carro escolhido e a carga horária. Abaixo, consideramos um cenário com um veículo alugado e outro com um automóvel próprio.

Veículo locado

O condutor não tem custos com manutenção ou seguro, apenas com a locação, que varia de R$ 2,3 mil a R$ 5,6 mil mensais. Um carro popular de entrada como o Mobi custa, em média, R$ 3 mil por mês em uma empresa como a Movida.

No caso do combustível, o cálculo considera uma rodagem de 3 mil km por mês na capital de São Paulo durante 26 dias, uma média de 15 km/dia. O preço médio da gasolina no estado é de R$ 5,61, o que dá cerca de R$ 1.980 mensais levando em conta um carro que faz 8,5 quilômetros por litro. Para facilitar, o valor foi arredondado para R$ 2 mil.

A soma também inclui despesas com alimentação durante o trabalho e plano de internet para o celular, totalizando R$ 6.090.

Caso o trabalhador atue oito horas por dia, seis dias por semana, terá um retorno de R$ 6.675 mensais no final do mês (recebendo R$ 32 por hora, conforme proposto). Ou seja: ele teria pouco mais de R$ 600 de ganho.

Veículo próprio

Para o cálculo com veículo próprio, foi escolhido um modelo no valor de R$ 72 mil, financiado com entrada de 20% e taxa média de juros anuais de 25,5%, resultando em uma parcela de R$ 2.300.

Os custos estimados com gasolina são os mesmos de um veículo locado. Já os gastos com manutenção, como troca de óleo e seguro, ficam na casa dos R$ 500, segundo o presidente da Associação dos Motoristas de Uber de São Paulo.

No final das contas, quem tem um carro próprio acaba gastando ainda mais, cerca de R$ 6.390 mensais. Com uma remuneração de R$ 32 por horas, sobraria R$ 285 para o motorista no fim do mês.

*Com informações da Exame.




Veja mais sobre

Voltar ao topo

Deixe um comentário