Uma pesquisa publicada na revista científica Frontiers in Microbiology explorou as comunidades bacterianas presentes nos fornos de micro-ondas. O estudo revelou uma grande diversidade de microrganismos e identificou diferenças marcantes entre aparelhos de uso doméstico e de laboratório.
Por mais que a radiação de micro-ondas seja eficaz na eliminação de bactérias nos alimentos, o estudo, conduzido por pesquisadores do Instituto de Biologia Integrativa de Sistemas (I2SysBio) da Universidade de Valência-CSIC, na Espanha, descobriu que o interior desses aparelhos abriga um microbioma próprio. As informações são da SoCientífica.
Estudo sobre bactérias em micro-ondas
Foto: Sasin Paraksa/Shutterstock
Os pesquisadores examinaram amostras de 30 fornos de micro-ondas, divididos em três categorias: uso doméstico, uso compartilhado em grandes espaços e uso em laboratório.
Para identificar as bactérias presentes nesses eletrodomésticos, a equipe utilizou técnicas avançadas de sequenciamento e cultivo.
“No presente trabalho, descrevemos a composição bacteriana de 30 micro-ondas de diferentes ambientes (domésticos, de uso compartilhado e de laboratório) para explorar as complexidades do microbioma de micro-ondas, com foco particular na identificação de variações com base em padrões de uso”, apontam os autores do estudo.
Comunidades bacterianas predominantes
Os resultados indicaram que as comunidades bacterianas nos fornos de micro-ondas são dominadas por filos como Proteobacteria, Firmicutes, Actinobacteria e Bacteroidetes, que são semelhantes aos encontrados na pele humana.
Essa descoberta sugere que o contato humano desempenha um papel importante na colonização bacteriana desses aparelhos eletrônicos.
“Como era de se esperar, microrganismos relacionados à pele humana são frequentemente encontrados em dispositivos artificiais com os quais os humanos têm contato frequente”, observam os pesquisadores.
Diferenças entre micro-ondas de laboratório e domésticos
Os fornos de micro-ondas de uso doméstico, aqueles que temos em casa, apresentaram uma composição bacteriana semelhante à encontrada em superfícies de cozinhas.
Em contrapartida, os aparelhos de laboratório se destacaram por abrigar uma maior quantidade de bactérias extremófilas, conhecidas por sua capacidade de resistir à radiação, altas temperaturas e dessecação, conforme relatado pela SoCientífica.
“Esses resultados sugerem que diferentes pressões seletivas, como contato humano, disponibilidade de nutrientes e níveis de radiação, podem explicar as diferenças observadas entre micro-ondas domésticos e de laboratório”, finalizam os pesquisadores.