Nos últimos tempos, o termo burnon tem ganhado destaque na mídia e nas redes sociais, sendo frequentemente atrelado ao burnout. Ambos remetem a um estado de estresse contínuo, muitas vezes atribuído ao ambiente de trabalho, mas possuem significados diferentes.
O conceito de burnon, introduzido por Timo Schiele e Bert te Wildt, refere-se a uma exaustão prolongada, podendo ser considerado uma espécie de pré-burnout ou ainda uma “depressão mascarada”. Às vezes tratado como uma condição crônica, ele carece de uma base científica concreta para ser chamado de doença.
Todavia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) não reconhece nenhuma das duas condições como doenças.
Segundo as diretrizes da OMS, para que uma condição seja considerada doença, deve atender a três critérios: origem conhecida, sinais e sintomas definidos e alterações anatômicas ou psicopatológicas. Tanto o burnout quanto o burnon não se enquadram nessas exigências.
A origem do problema
De acordo com o psiquiatra Estevam Vaz, membro das associações Brasileira de Psiquiatria e Médica Brasileira, a complexidade dos fatores envolvidos em burnout e burnon impossibilita definir suas origens, impedindo sua classificação como doença a partir das definições da OMS.
Ele destaca que, além dos fatores pessoais, o ambiente, seja ele de trabalho ou familiar, exerce grande influência.
O ambiente de trabalho não é o único responsável por desencadear burnout, já que indivíduos propensos exibem características como perfeccionismo, impaciência, determinação e até carisma.
Tais traços também são identificáveis no burnon, frequentemente chamado de pré-burnout.
Desafios no diagnóstico e o papel das empresas
O psiquiatra alerta para a prática de rotular diversos quadros depressivos como burnout. Isso dificulta a aplicação de tratamentos adequados para cada condição, uma vez que não existem critérios definidos para tais diagnósticos.
Vale citar que ainda não existe um tratamento indicado para burnout ou burnon, uma vez que nem mesmo critérios diagnósticos foram definidos até o momento. Isso não significa, no entanto, que as pessoas que vivem com eles não estejam em sofrimento.
Vaz enfatiza que a discussão sobre saúde mental deve incluir a responsabilidade das empresas. A OMS define burnout como resultado de estresse mal gerido no trabalho, apontando a necessidade de ações corporativas para prevenir tal síndrome.
“Ou seja, aponta claramente a existência de fatores estressores que são de responsabilidade das empresas”, completa o especialista.