Perder alguns fios de cabelo ao longo do dia é completamente normal e faz parte do ciclo natural do corpo. Porém, em alguns casos, a queda excessiva pode ser um sinal de alerta para questões de saúde que merecem atenção.
Para entender melhor o tema, o Canaltech conversou com as dermatologistas Andréia Munck, colaboradora do ambulatório de tricologia da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em dermatologia capilar, e Lara Yugar, dermatologista especialista em cosmiatria pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
Por que os fios caem?
A queda de cabelo é, na maioria das vezes, parte de um ciclo capilar natural. De acordo com a dermatologista Andréia Munck, “alguma queda é normal, mas essa queda não tem uma sincronia tão grande; a maior sincronia que a gente tem é no crescimento. Quando a gente tem um pouco mais de fios na fase de queda, aí é perceptível e é um problema”.
Esse ciclo é dividido em duas fases principais: a fase anágena, de crescimento, e a fase telógena, de queda. Geralmente, cerca de 10% dos fios estão na fase telógena, o que significa que pequenas quedas ao longo do dia são esperadas. No entanto, alterações nesse equilíbrio podem indicar que algo não está certo.
Quando é hora de se preocupar?
De acordo com Andréia, é importante observar mudanças no padrão de queda individual.
“Esses 10% podem ser muito para uns e pouco para outros, dependendo da quantidade de cabelo. O importante é observar uma mudança no seu padrão individual”, explica.
Os sinais de alerta incluem:
- Queda de cabelo mais perceptível ao lavar, pentear ou prender os fios;
- Mudança no volume geral do cabelo, como elásticos ficando mais apertados;
- Exposição do couro cabeludo em áreas antes cobertas por fios.
Quais são as causas mais comuns?
Muitas vezes, a queda acentuada de cabelo é temporária e pode estar associada a eventos como gravidez, cirurgias, infecções virais ou momentos de grande estresse emocional.
Esses fatores podem desencadear o chamado eflúvio telógeno, um aumento na queda dos fios que ocorre cerca de três meses após o evento causador. Em geral, essa condição se resolve sozinha em até seis meses, sem necessidade de tratamento específico.
Entretanto, quedas persistentes ou de longa duração podem ter causas mais complexas, como fatores genéticos, inflamações ou doenças crônicas que afetam o folículo capilar.
“O próprio folículo [de onde nasce o fio] pode estar sendo agredido por inflamações, causas genéticas, e pode ser algo mais a longo prazo, crônico. Então é muito mais profundo do que tomar uma vitamina e usar um xampu antiqueda”, enfatiza Andréia.
Além disso, existem mais de 57 tipos de alopecia, condição que pode levar à perda de cabelos ou pelos pelo corpo. O diagnóstico adequado é fundamental para identificar a causa exata e determinar o tratamento mais eficaz.
Existe tratamento?
Sim, e a boa notícia é que, em grande parte dos casos, a queda de cabelo pode ser tratada.
“Até o que é genético tem jeito. Estamos em um nível de conhecimento científico em que é muito raro não existir tratamento; a maioria das pessoas fica muito bem quando trata”, afirma Andréia Munck.
Mesmo em casos de calvície masculina, que afeta cerca de 50% dos homens até os 50 anos, é possível alcançar resultados positivos com acompanhamento médico.
“A gente pode envelhecer bem. Não é porque é parte do envelhecimento que a gente não pode tratar, ter autoestima”, complementa a dermatologista.
Lara Yugar destaca que o diagnóstico é a chave para o sucesso no tratamento.
“É preciso saber a frequência de lavagem, se faz aplicação de algum produto químico, se tem agressão física muito frequente com secador ou chapinha. Depois que a gente exclui essas causas, fazemos uma investigação completa do metabolismo com exames laboratoriais e avaliação do couro cabeludo”, explica.
*Com informações de Canal Tech.