As regras do teletrabalho, elaboradas na época da pandemia, trouxeram à tona uma expressão que ganhou destaque no mercado de trabalho brasileiro: “home office“. Contudo, o uso do termo, popularmente aceito no Brasil, diverge significativamente de seu significado em países de língua inglesa.
O termo “home office” foi incorporado pela Academia Brasileira de Letras (ABL) ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa em 2021. No entanto, segundo a professora Fernanda Lopes, da escola de idiomas Red Balloon, a tradução literal de “home office” para o inglês não reflete seu uso real.
Nos países de língua inglesa, expressões como “remote work” ou “remote job” são mais adequadas para descrever o trabalho remoto.
Trabalho remoto é uma forma traduzida e bastante conhecida para se referir ao trabalho fora da empresa – Imagem: Tima Miroshnichenko/Pexels
Entendendo o uso de ‘home office’
O termo “home office” no Brasil é utilizado para designar qualquer trabalho feito fora do ambiente corporativo tradicional.
Já para os falantes nativos do inglês, a expressão não está diretamente vinculada a trabalhar em casa. Para eles, a ideia é que o trabalho pode ser executado de maneira remota, independentemente do local.
A pandemia de Covid-19 foi um marco para a popularização do trabalho remoto. Fernanda Lopes acredita que o costume brasileiro de adotar palavras estrangeiras em seu vocabulário cotidiano levou à escolha da expressão.
Assim, a casa, ou “home”, tornou-se o ponto de trabalho e assumiu o papel de escritório.
Outros exemplos de adaptações linguísticas
A adoção de termos estrangeiros não é novidade para os brasileiros. Um exemplo claro é a palavra “shopping”.
No Brasil, ela designa um centro comercial, enquanto que, em inglês, “shopping” é o ato de comprar, sendo “mall” ou “shopping mall” os termos corretos para o local das compras equivalente aos shoppings daqui.
O fenômeno de adoção de palavras estrangeiras no Brasil está ligado a traduções literais que nem sempre correspondem ao significado nos idiomas originais.
Fernanda Lopes destaca que as origens linguísticas distintas entre o português e o inglês complicam a tradução direta de termos.
Compreender tais diferenças é essencial para evitar mal-entendidos e melhorar a comunicação intercultural. A evolução desses termos reflete não apenas mudanças linguísticas, mas também adaptações culturais diante de novas realidades.
Essa troca constante de expressões entre idiomas é um exemplo de como a linguagem está em contínua transformação.
* Com informações do portal de notícias G1.