Não chame k-dramas de doramas; entenda as diferenças

K-dramas e doramas são distintos; confundi-los ignora as culturas e histórias de cada povo.



Nos últimos anos, produções da Coreia do Sul, conhecidas como k-dramas, conquistaram o público global. No entanto, muitos espectadores ainda confundem essas séries com doramas, termo para se referir a produções do Japão. Essa confusão não é meramente semântica, mas carrega implicações históricas e culturais significativas.

K-dramas e doramas, embora semelhantes em formato, possuem origens distintas. Enquanto o k-drama se refere exclusivamente às séries sul-coreanas, “dorama” é uma adaptação fonética japonesa da palavra “drama”.

No Japão, doramas são produções televisivas que, em muitos aspectos, assemelham-se às novelas brasileiras.

À esquerda, o dorama ‘Alice in Borderland’, e à direita, o k-drama ‘Round 6’ – Imagem: reprodução/Netflix

História e origem dos k-dramas

A popularização dos k-dramas começou na década de 1960, influenciada pelas novelas japonesas dos anos 50. O primeiro k-drama exibido na Coreia do Sul, ‘Gukto malli’, foi transmitido pela KBS em 1962.

Alguns dos k-dramas mais conhecidos incluem ‘Round 6’ e ‘Descendentes do Sol’. Por outro lado, entre os doramas populares estão ‘Alice in Borderland’ e ‘Good Morning Call’.

Ambos os estilos têm atraído fãs ao redor do mundo, mas é importante reconhecê-los em suas respectivas culturas.

Implicações históricas e culturais

Os termos k-drama e dorama não são intercambiáveis, e o uso inadequado da palavra dorama pode desconsiderar as tensões históricas entre Japão e Coreia do Sul.

Tais nações têm um passado marcado por conflitos, especialmente durante a ocupação japonesa da Coreia.

Invasão japonesa na Coreia

Esse acontecimento ocorreu entre 1910 e 1945, quando a Coreia ainda não estava dividida em duas, algo que se consolidou mais tarde em 1953.

Tal invasão foi caracterizada por um regime opressor e brutal por parte dos japoneses, com tentativas sistemáticas de apagar a identidade cultural coreana por meio de políticas rígidas e desumanas.

As autoridades japonesas impuseram um controle severo sobre a população local, o que resultou em assassinatos e violências de diversos tipos, inclusive contra mulheres.

A cultura coreana foi alvo de uma campanha de supressão, com a implementação de leis que restringiam a liberdade de expressão e a identidade nacional dos coreanos.

Além disso, o povo nativo enfrentou condições de trabalho extremas, pois milhares de coreanos foram compelidos a trabalhar em fábricas e minas no Japão, em situações que se assemelhavam à escravidão moderna, sem qualquer direito ou proteção.

A invasão japonesa na Coreia terminou abruptamente em 1945, um desfecho que foi consequência direta da rendição incondicional do Japão após o bombardeio das cidades de Hiroshima e Nagasaki com bombas atômicas.

Por isso, ainda hoje, associações culturais coreanas consideram o uso do termo dorama para produções coreanas um ato generalizador e preconceituoso, afinal, os dois povos, apesar de estarem em paz hoje, tiveram uma relação conflituosa.

Já a Academia Brasileira de Letras, no entanto, reconheceu “dorama” para descrever séries asiáticas, o que gera debates sobre a adequação do termo.

Mas isso não é recomendado, pois pode ofender os coreanos, já que eles não têm boas memórias do período em que seu país esteve sob o domínio do Japão.

Portanto, compreender a diferença entre k-dramas e doramas não é apenas uma questão de terminologia correta, mas também de respeito pelas histórias e culturas dos países de origem.

Fãs e espectadores devem estar atentos para usar os termos adequadamente, o que reflete o reconhecimento das ricas tradições culturais da Ásia.




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