Após nove meses na Estação Espacial Internacional, os astronautas Suni Williams e Butch Wilmore retornaram à Terra, o que alimentou um debate sobre os efeitos do espaço no envelhecimento humano. Especulações surgiram nas redes sociais questionando se o tempo passado em órbita teria acelerado o envelhecimento dos cientistas.
Embora a relatividade sugira que o tempo passa de forma diferente, oferecendo uma vantagem de 0,007 segundos a menos na idade, os desafios enfrentados pelos corpos dos astronautas revelam um cenário menos otimista. A microgravidade, peculiaridade do ambiente espacial, parece acelerar significativamente o envelhecimento biológico.
No espaço, astronautas envelhecem mais rápido
A permanência em microgravidade afeta diretamente diversas funções corporais. Enquanto na Terra os efeitos da idade levam décadas para se manifestar, no espaço, processos como atrofia muscular e perda óssea ocorrem em questão de semanas.
No espaço, a falta de gravidade faz com que o corpo deixe de produzir novo material ósseo, o que resulta em uma perda de 1 a 2% da massa óssea por mês. Esse fenômeno é comparável à perda anual que os idosos experimentam no planeta Terra. Assim, os ossos frágeis aumentam o risco de fraturas, mesmo na ausência de gravidade.
Além disso, sem o uso frequente e intenso da musculatura, os músculos enfraquecem rapidamente, o que gera atrofia muscular.
Os astronautas enfrentam complicações adicionais, como a redistribuição de fluidos corporais e alterações no sistema cardiovascular; além disso, a visão dos astronautas sofre alterações, com riscos de piora permanente.
Astronauta Suni Williams antes e depois de voltar do espaço – Imagem: NASA e Robert Markowitz
Abordagens para mitigar os efeitos
Para combater tais efeitos, a NASA desenvolveu estratégias como exercícios intensivos e dietas ricas em cálcio e vitamina D antes, durante e após missões espaciais.
Os equipamentos específicos a bordo da Estação Espacial ajudam a manter a força muscular.
Contexto da missão dos astronautas
A missão de Williams e Wilmore foi essencial para a certificação da Starliner, uma colaboração entre a Boeing e a NASA. Desde 2020, a SpaceX conduz missões regulares à ISS. Esperava-se, assim, que a Starliner também desempenhasse esse papel. Entretanto, os contratempos técnicos levaram à necessidade de ajustes nos planos.
Após uma longa espera, os astronautas retornaram à Terra em 19 de março, logo após a chegada da tripulação Crew-10, lançada em 12 de março. A experiência vivida na ISS ampliou o conhecimento sobre os impactos do espaço no corpo humano, o que contribui para futuras missões espaciais.
As descobertas sobre o envelhecimento no espaço oferecem insights valiosos para a medicina na Terra. Pesquisas orbitais têm contribuído bastante para o desenvolvimento de novos tratamentos para condições como osteoporose e atrofia muscular.
Assim, ao estudar o envelhecimento acelerado no espaço, não apenas melhoramos a saúde dos astronautas, mas também impulsionamos os avanços capazes de transformar a qualidade de vida na Terra.