O arroz é um dos alimentos mais consumidos do mundo, presente em receitas emblemáticas de diferentes culturas — do sushi japonês ao risoto italiano, passando pela paella espanhola e pela tradicional galinhada brasileira.
Apesar de sua popularidade, uma dúvida antiga ainda persiste: lavar o arroz antes de cozinhar é realmente necessário? A prática de lavar o arroz até que a água fique transparente é adotada há gerações. Mas será que ela faz diferença no sabor, na textura ou na saúde?
A seguir, veja o que dizem os estudos científicos mais recentes e entenda quando o enxágue é útil e quando pode ser apenas um mito.
Lavar o arroz altera a textura? Mito
Muitas pessoas acreditam que enxaguar o arroz melhora a textura do grão ao remover o amido superficial (conhecido como amilose), responsável pela turbidez da água. Essa prática é comum em receitas que exigem grãos mais soltos, como o arroz pilaf ou o arroz à grega.
No entanto, uma pesquisa publicada no Journal of Food Science revelou que a viscosidade do arroz cozido depende muito mais da variedade e da proporção de amilopectina (outro tipo de amido) presente nos grãos do que da lavagem prévia. Por exemplo, o arroz glutinoso será naturalmente mais pegajoso, mesmo após várias lavagens.
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Lavar o arroz remove impurezas e microplásticos? Verdade
Se o objetivo é eliminar sujeiras, resíduos industriais ou microplásticos acumulados durante o armazenamento e transporte, então a lavagem do arroz é, sim, recomendada. Em determinadas regiões do mundo, onde o controle de qualidade no beneficiamento dos grãos é menos rigoroso, essa etapa se torna ainda mais relevante.
Um estudo da University of Queensland, na Austrália, mostrou que lavar o arroz pode reduzir em até 20% a presença de microplásticos, reforçando o valor dessa prática para a segurança alimentar.
A lavagem elimina bactérias? Mito
Lavar o arroz antes do preparo não elimina bactérias patogênicas. Apenas o cozimento em altas temperaturas é capaz de neutralizar esses microrganismos. Além disso, o maior risco não está no arroz cru, mas no armazenamento inadequado do arroz cozido ou previamente lavado em temperatura ambiente.
A permanência do arroz úmido favorece a proliferação de esporos do Bacillus cereus, uma bactéria que pode produzir toxinas gastrointestinais resistentes ao calor. O ideal é consumir o arroz fresco ou armazená-lo sob refrigeração adequada.
Lavar o arroz reduz o teor de arsênio? Verdade
O arsênio inorgânico, um contaminante presente naturalmente em ambientes úmidos e solos, pode se acumular no arroz. De acordo com estudos publicados na PubMed, lavar o arroz antes do cozimento pode diminuir significativamente a quantidade de arsênio bioacessível — aquele que o organismo consegue absorver.
Além disso, cozinhar o arroz com excesso de água (como na técnica de drenagem) também contribui para a redução do contaminante em até 60%, dependendo do tipo de arroz.
É importante ressaltar que, no Brasil, a ANVISA monitora rigorosamente os níveis de arsênio nos alimentos, com limites seguros que seguem os padrões internacionais. Um estudo recente mostrou que as amostras disponíveis no país estão dentro do valor permitido.
Como lavar o arroz corretamente? Passo a passo simples e eficaz
Se você optar por lavar o arroz antes de cozinhar, siga este processo recomendado por especialistas em segurança alimentar.
- Coloque o arroz cru em uma peneira ou recipiente com boa drenagem;
- Enxágue com água fria corrente, movimentando os grãos com as mãos para soltar o excesso de amido;
- Repita o processo 2 a 3 vezes, até que a água fique quase transparente;
- Deixe escorrer completamente antes de levar o arroz à panela.
Lavar o arroz é uma decisão consciente, não apenas tradição
A escolha de lavar ou não o arroz antes do cozimento depende do tipo de arroz, do preparo desejado e da atenção à qualidade dos alimentos.
Embora a lavagem não afete tanto a textura, pode trazer benefícios, como a redução de contaminantes e impurezas.
Para garantir um arroz mais seguro, leve e nutritivo, o ideal é seguir as orientações da embalagem e as recomendações de boas práticas culinárias.
Afinal, um simples gesto na cozinha pode fazer toda a diferença no seu prato — e na sua saúde.
