Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) começaram desde o último domingo, 30, a bloquear rodovias federais em protesto à elegibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que venceu seu adversário na urnas. De acordo com entidades de vários setores, o bloqueio nas estradas começou a afetar o abastecimento de supermercados e postos de combustíveis.
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O presidente Bolsonaro não se manifestou a respeito da situação ou aceitou publicamente a derrota no pleito. Sem as diretrizes do mandatário, o bloqueio em estradas de todo o país permanece. Segundo relatório da Polícia Rodoviária Federal, ainda existem 220 obstruções em rodovias.
Desabastecimentos de supermercados e postos de combustível
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Supermercados, João Galassi, os supermercadistas já começam a sofrer com a paralisação dos caminhoneiros em estradas do país, na falta de certos produtos. Ele pediu apoio do presidente Bolsonaro para apaziguar a situação.
No caso do setor dos combustíveis, a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), declarou que a liberação das estradas seja feita o mais rápido possível, evitando riscos para o abastecimento nacional.
Para a entidade, o direito à manifestação deve ser garantido, desde que não cause prejuízos à economia do país e à liberdade de trânsito dos demais cidadãos. Já falta combustíveis em postos de Brasília e Santa Catarina, mas ainda não se fala de desabastecimento a nível nacional.
Vacinas e medicamentos
Em comunicado, o presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini, declarou que a entidade recebeu relatos de uma empresa que possui um carga parada de produtos, mas não consegue passar o bloqueio.
Durante a greve dos caminhoneiros de 2018, o setor conseguiu negociar para a liberação dos caminhões que carregavam medicamentos. No entanto, nesta paralisação, o diálogo está sendo mais difícil. Para Mussolini, a dificuldade está em saber quem é o líder do movimento.
Além dos medicamentos, o Instituto Butantan informou que uma carga de ovos que serão usados para produzir vacinas contra gripe H3N2 está parada em um bloqueio perto de Jundiaí (SP), a 47 km da capital paulista. Caso o produto não chegue, cerca de 1 milhão e meio de doses do imunizante pode não ser produzida.