O mercado deve ver o preço dos imóveis residenciais evoluir de forma mais moderada em 2023, após a boa valorização deste ano. A expectativa de analistas é que os preços subam no ritmo da inflação no ano que vem.
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“Dificilmente os aumentos de preços de 2022 vão se repetir em 2023. Deve haver algum aumento, mas numa escala menor”, disse o coordenador do curso de negócios imobiliários da Fundação Getulio Vargas (FGV), Alberto Ajzental, ao Estadão.
Para o especialista, a alta dos juros aparece como vilã no cenário de 2022, já que isso refletiu diretamente no financiamento imobiliário. “Vimos uma inflação alta no País, mas os salários não subiram da mesma forma. E a taxa de juros do financiamento não deve cair tão cedo. A saída para o consumidor vai ser escolher um imóvel menor ou em área mais distante”, afirma.
Para o ano que vem, pesam também as incertezas com o futuro do país com a troca de governo, sendo natural cautela e observação do mercado conforme o passar dos primeiros meses. Mesmo assim, nem o mercado e nem especialistas esperam novidades muito intensas no setor. “No frigir dos ovos, a perspectiva é de alguma estabilidade nos preços, em linha com a inflação. Não esperamos um mercado muito pujante”, aponta o coordenador da pesquisa de preços de imóveis da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), Alison Pablo Oliveira.
Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), baseados nos laudos de avaliação de imóveis novos e usados comercializados com financiamento bancário, mostram alta média de preços de 14,7% nos 12 meses encerrados em outubro, em dez capitais.
Já o levantamento da Fipe aponta um crescimento mais brando, de 6,34% no mesmo período, mas também superando a inflação de 5,9% medida pelo IPCA. Esta pesquisa é feita a partir dos anúncios de imóveis predominantemente usados. A base abrange 50 cidades.
Alta de imóveis desaceleva e margens “apertam”
Mesmo com as altas em 2022, o mercado diz ter margens espremidas, com necessidade de buscar recomposição. “O mercado não conseguiu repassar aos preços de forma tão abrupta o aumento do custo dos insumos nos últimos trimestres”, diz o presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Rodrigo Luna.
Ainda assim, os especialistas não consideram o desempenho no setor como ruim. “Os preços das residências continuam a apresentar evolução positiva. Há pouco espaço para que a tendência se esgote no curto e médio prazo, já que os custos de reposição estão em alta mesmo com a desaceleração da inflação”, aponta o analista do Bradesco BBI, Bruno Mendonça. Só quando o limite de poder de compra do consumidor for atingido é que os preços devem começar a baixar, diz o analista.