Após anos sem uma política consistente de valorização do salário mínimo de e sucessivas altas na inflação, o piso nacional se distanciou bastante do valor ideal. Pesquisas recentes sobre o salário mínimo necessário para viver no Brasil revelam que essa discrepância está cada vez maior.
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Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor ideal para uma família de quatro pessoas ter todas as necessidades supridas em janeiro de 2023 chegou a R$ 6.641,58. Já o salário mínimo em vigência é de R$ 1.302.
O levantamento busca encontrar a quantia necessária para custear todas as despesas de quatro pessoas com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. Os cálculos são realizados com base em dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA).
Como é possível observar, a quantia necessária está bem longe daquela que de fato é garantida aos trabalhadores do país. Essa diferença de quase cinco vezes revolta muita gente, especialmente os brasileiros que vivem com apenas um salário mínimo.
Cesta básica
A Constituição Federal afirma que o mínimo deve ser suficiente para suprir todas as necessidades do cidadão, mas não é isso que acontece de fato. Hoje, o piso nacional é suficiente para comprar apenas 1,6 cesta básica por mês, já que o preço médio do pacote de alimentos essenciais chegou a R$ 802,36 em janeiro.
A cesta básica do país é composta por 13 itens, podendo variar de acordo com a região geográfica. Na pesquisa do Dieese, os seguintes gêneros alimentícios fazem parte da lista:
- Arroz;
- Feijão;
- Leite;
- Açúcar;
- Óleo;
- Carne;
- Pão;
- Farinha;
- Batata;
- Legumes;
- Café;
- Frutas;
- Manteiga.
Segundo outra pesquisa, desta vez feita pela plataforma Picodi, quem vive com um salário mínimo no Brasil encontra mais dificuldade de comprar o básico do que moradores de pelo menos 51 outros países. A lista reúne 67 nações e é liderada pela Grã Bretanha.
No país que ficou no topo do ranking, o cidadão gasta apenas 6,5% do salário mínimo vigente para adquirir uma cesta básica. O Brasil também ficou na última posição entre as nações da América Latina.