Uma tecnologia curiosa já é realidade nos EUA e no Brasil: a trava “contra caloteiro”, dispositivo que permite “travar” a ignição de veículos em caso de atraso no pagamento do financiamento ou aluguel. Também conhecido como “caixa preta”, o dispositivo se conecta à central de gerenciamento eletrônico do carro e tem a capacidade de paralisar a ignição caso haja inadimplência.
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Nos EUA, esse dispositivo também conta com funções de rastreamento, o que permite localizar o veículo para busca e apreensão por parte da instituição financeira. Já no Brasil, atualmente, a tecnologia é utilizada principalmente por locadoras e serviços de assinatura de automóveis, permitindo o uso do veículo durante o período contratado e bloqueando-o após o término do prazo se o serviço não for renovado.
Segundo o CEO da Ituran Mob, empresa que oferece essa tecnologia, mais de 1,6 mil carros no Brasil já utilizam a “trava”, e espera-se que esse número alcance pelo menos 3.000 unidades até o final de 2023. Grandes empresas, como a 99, utilizam esse sistema para gerenciar o aluguel de veículos para seus motoristas parceiros.
Trava “contra caloteiro” faz parte de ecossistema
O dispositivo não se resume a impedir que carros alugados ou em regime de assinatura sejam conduzidos em caso de falta de pagamento. É, na verdade, um sistema de gestão de frotas, viabilizando toda a experiência de aluguel ou assinatura de veículos por meio de um aplicativo no celular.
Por meio do aplicativo, conectado à “caixa preta” por Bluetooth criptografado e indução eletromagnética, é possível reservar o carro, destravar as portas, iniciar a condução (sem chave), encerrar a viagem, travar as portas e efetuar o pagamento do aluguel ou assinatura. A tecnologia também permite diferentes modalidades de aluguel, como por mês, semana, dia ou hora, e pode ser personalizada de acordo com a locadora ou empresa de aluguel.
As possibilidades dessa tecnologia são diversas, e ela pode ir além do controle de inadimplência. É possível, por exemplo, gerar relatórios sobre o comportamento do motorista, identificar o consumo médio de combustível, frequência de abastecimento e a necessidade de revisão do veículo, bem como detectar panes.
No futuro, com a consolidação da tecnologia de condução autônoma, espera-se que bancos, locadoras e montadoras possam recuperar veículos remotamente, e alguns fabricantes já pesquisam formas de permitir que os carros de devedores sejam recuperados de forma autônoma, sem a necessidade de busca e apreensão.