Imagine a vida há algumas décadas: sem smartphones, sem a necessidade de estar sempre “on”, sem as luzes artificiais e notificações constantes. Nosso corpo era, naturalmente, mais sincronizado com o ritmo do sol. Hoje, a realidade é outra.
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É comum irmos dormir tarde, nos perdermos nas maratonas de séries ou simplesmente adiar o jantar para uma hora mais tardia. No entanto, você já parou para pensar no que isso pode causar no seu corpo?
A lógica do nosso corpo
Nosso corpo, por milênios, adaptou-se a um padrão: o ritmo circadiano. Tal padrão é responsável por definir quando devemos estar alertas e quando é hora de descansar.
Esse ritmo, moldado pela natureza, segue a rotação de aproximadamente 24 horas da Terra. Entretanto, a modernidade trouxe hábitos que contrariam esse relógio biológico.
Comer tarde e dormir pouco não são apenas deslizes ocasionais – eles afetam diretamente nosso equilíbrio interno. A consequência? Alterações no humor, memória, orientação e até problemas mais sérios de saúde.
O impacto da rotina moderna
O mundo moderno nos oferece comodidades, mas também nos prende a novas rotinas. Passamos mais tempo em ambientes fechados, longe da luz natural, e comemos alimentos ultraprocessados repletos de açúcares.
Quando juntamos essa rotina ao estresse diário, a um estilo de vida sedentário e à exposição excessiva a telas, o resultado é uma desconfiguração do nosso relógio interno.
Além disso, não podemos esquecer de nossos parceiros invisíveis: as bactérias intestinais. Elas, que são essenciais para nossa saúde, também têm seu ritmo.
Se comemos tarde, por exemplo, interferimos diretamente nesse equilíbrio, afetando a diversidade e funcionalidade dessas bactérias. Uma alimentação fora de hora pode gerar um desequilíbrio bacteriano, levando a diversos problemas em nosso organismo.
Microbiota e sono: um elo mais próximo do que imaginamos
A relação entre nossa microbiota e os ritmos circadianos é profunda. Estudos já mostraram que a microbiota é diretamente influenciada por nosso padrão de sono e alimentação. Por outro lado, essas bactérias também interferem no nosso ritmo, produzindo substâncias que afetam nosso sono.
A serotonina, por exemplo, ligada ao ciclo sono-vigília, tem sua produção influenciada por bactérias como Streptococcus. Isso demonstra que uma rotina desregulada não afeta apenas nosso cansaço no dia seguinte, mas pode repercutir em um desequilíbrio mais profundo em nosso organismo.