A plataforma Meu INSS foi criada há cerca de cinco anos para ampliar o acesso da população aos serviços do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Hoje, o segurado que utiliza o site ou aplicativo tem mais de 90 opções de tarefas à sua disposição sem precisar sair de casa.
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Pela internet, é possível solicitar novos benefícios, anexar a documentação exigida, alterar o local de recebimento dos pagamentos, entrar com recurso de pedidos negados e muito mais. No entanto, apesar de eficiente, a ferramenta ainda apresenta algumas falhas.
O sistema passa por problemas de funcionamento que podem atrasar e dificultar o acesso da população aos benefícios, contrariando sua própria função. Alguns deles, causados especialmente pela falta de treinamento para uso da plataforma, têm prejudicado muitos brasileiros de renda mais baixa.
Dependência do digital
Especialistas criticam o aumento da dependência da plataforma Meu INSS, sobretudo porque faltam políticas de educação e orientação aos cidadãos.
“Claro que o governo está tentando reforçar a segurança e a estabilidade do sistema, e essa ferramenta auxilia inclusive numa celeridade na análise dos pedidos, mas ainda persistem problemas. A tecnologia veio para ajudar, mas existe uma parcela da população que é excluída digitalmente, e isso é grave”, diz Joseane Zanardi, coordenadora do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP).
O advogado Rodrigo Luiz também, membro da Comissão de Direito Previdenciário da OAB-RJ, cita que o sistema nem sempre permite ao segurado realizar ajustes ou complementações no pedido. Segundo eles, os “robôs do INSS” simplesmente indeferem a solicitação.
Segundo o instituto, o Meu INSS é apenas mais um canal de atendimento, juntamente com a Central 135 e o atendimento presencial nas agências da Previdência Social. “Os pedidos administrativos podem ser feitos também pelo telefone 135 e através das entidades conveniadas. Se por algum motivo o atendente da Central 135 não conseguir efetuar o requerimento para o cidadão, será agendado atendimento presencial nas agências”, informa o órgão.
Principais problemas
Os especialistas citam que os principais problemas envolvendo o Meu INSS são o manuseio e as instabilidades da própria plataforma. No primeiro caso, as dificuldades em aprender a usar os serviços são agravadas pela falta de um aparelho celular compatível com o aplicativo.
“Estamos falando, geralmente, de pessoas mais velhas, com pouco estudo, e que enfrentam dificuldades com o uso de tecnologia, além da própria exclusão digital, com a falta de acesso a um smartphone que consiga fazer o que o aplicativo pede, como digitalizar um documento. Isso dificulta muito para a população mais simples”, afirma Zanardi.
A segunda dificuldade é a instabilidade do sistema. “Quase que semanalmente encontramos problemas do tipo. Muitas vezes você tem um prazo de recurso ou exigência para cumprir e não consegue fazer porque o sistema não funciona”, conta a advogada.
O INSS informou em nota que a plataforma é monitorada constantemente “para intervenção imediata quando algum incidente é identificado e trabalha rotineiramente para sua estabilidade”.