Uma pesquisa do BTG Pactual revelou que o reajuste nos preços dos planos de saúde superou bastante a inflação para o setor no ano passado. Em 2023, alguns convênios aumentaram os valores em mais de 20%, enquanto o IPCA para o setor foi de 11,52% no mesmo período.
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Segundo as empresas, o percentual reflete o aumento nos custos médico-hospitalares e o prejuízo da categoria nos últimos anos.
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), considerado o medidor oficial da inflação do país, encerrou o ano passado com avanço de 4,72%. A maior contribuição no grupo de Saúde e cuidados pessoais veio justamente do subgrupo dos convênios médicos.
Em média, os planos de saúde ficaram 11,52% mais caros em 2023, mostra o relatório ANS Pricing X-Ray feito pelo BTG. Entretanto, algumas empresas corrigiram bem mais os valores cobrados, sobretudo nos segmentos coletivos por adesão ou corporativos, em que o aumento é negociado entre o convênio e o cliente.
Veja as correções feitas pelas seguradoras:
- Unimed: 13,5%
- Hapvida: 15%
- Amil: 21,2%
- Bradesco Saúde: 22,6%
- SulAmerica: 25,8%
Até quanto pode subir?
As regras para reajuste dos preços dependem da modalidade. No ano passado, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) limitou a 9,63% a correção para planos individuais e familiares, que são contratados diretamente pelo beneficiário.
Já os convênios coletivos por adesão ou corporativos, contratados por meio de sindicatos ou empresas, seguem normas diferentes. As negociações são realizadas diretamente entre as seguradoras e os contratantes, sem limitação pelo órgão regulador.
Segundo dados da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) no relatório Cenário Saúde, mais de 8,9 milhões de beneficiários assinavam planos individuais e familiares em junho de 2023. No mesmo período, os planos coletivos corporativos ou por adesão somavam 41,8 milhões de assinantes.
Esses números mostram que aproximadamente 82% dos convênios médicos contratados no Brasil não têm o reajuste de preços regulamentado pela ANS.
Explicações para a alta
Para os analistas do setor, muito mais pessoas estão realizando exames, consultas e terapias desde a pandemia, o que aumentou a taxa de sinistralidade para 86,6% até setembro de 2023. A sinistralidade indica o quanto o plano é utilizado, ou seja, define a relação entre o gasto com o acionamento do plano de saúde (sinistro) e o valor que a operadora recebe pelo contrato (prêmio).
“Esses valores são altos, visto que as operadoras ainda precisarão cobrir suas despesas administrativas, comerciais e obter resultados positivos da operação”, explica Ulisses Rezende, diretor de negócios da XVI Finance.
O reflexo do aumento da sinistralidade é que mais da metade das operadoras de saúde tiveram resultados operacionais negativos até setembro de 2023. Segundo relatório da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), o setor acumulou R$ 4,3 bilhão de prejuízo no ano passado.