O Tesouro Nacional avalia lançar um título público para pessoas que querem investir em uma aposentadoria. Os interessados poderão comprar o papel do governo e acumular recursos, para que depois de alguns anos possam usar os valores como um espécie de benefício previdenciário ou mesmo complementar o que já recebem.
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A modalidade não terá resgate dos rendimentos (juros pagos pela União) ao longo do período de acumulação. Ou seja, o investidor começará a receber valores mensais somente após esse intervalo.
Uma das possibilidades em estudo é que a remuneração do título seja atrelada à inflação. Segundo as informações iniciais, a operação será simplificada, bastando ao interessado informar o valor desejado e por quanto tempo quer receber para descobrir quanto precisará investir.
O período de acumulação poderá variar de 30 a 40 anos, enquanto o prazo de recebimento poderá chegar a 20 ou até 30 anos. O Ministério da Economia quer lançar a novidade em meados de 2022, embora seu desenho ainda esteja em fase inicial.
A proposta visa facilitar o planejamento da aposentaria após a reforma da Previdência, que reduziu o valor dos benefícios e ampliou o tempo de solicitação. Cerca de 17 milhões de contratos de previdência privada estão ativos atualmente no mercado, mostrando que o poupador têm buscado outras alternativas.
“Ao mesmo tempo, o título público previdenciário atenderia uma camada da população que não tem educação financeira suficiente para tomar uma decisão consciente sobre previdência privada e ou não tem capacidade contributiva que lhe permita acessar planos de previdência privada com taxas administrativas atraentes”, afirmam os especialistas em Previdência Fabio Giambiagi, Mauricio Dias Leister, Arlete Nese e André Dovalski em um texto da FGV (Fundação Getulio Vargas) que serve de base para o estudo.
Simulação
Um cidadão que pretende ter renda mensal de R$ 5 mil, por exemplo, teria que aplicar cerca de R$ 1.322 por mês no título Tesouro Direto por 40 anos. O cálculo considera um cenário de juros reais de 3% ao ano. Ao final do período, ele teria acumulado R$ 987 mil, o suficiente para cobrir 20 anos de aposentadoria.
“O cidadão pode aproveitar o nome forte do Tesouro Nacional dando maior segurança ao cidadão na formação de reserva para o futuro, a tranquilidade de transformar a reserva formada em renda mensal, ou seja, sem ter preocupação de precisar resgatar ou contar com vencimentos dos títulos e simplicidade na hora de investir, precisando basicamente responder o quanto deseja receber de aposentadoria e quando”, afirma Arlete Nese.
“Para o governo, a formação de uma poupança de longo prazo e para o sistema, fomento à previdência complementar e redução de custos”, completa.