O Senado aprovou um projeto de lei que cria um fundo de estabilização de preços para manter os preços dos combustíveis baixos, além de criar um programa de ajuda para ajudar motoristas de táxi e entregadores a pagar a gasolina. O programa pode ser ilegal, pois a lei eleitoral do Brasil impede os governos de aprovar programas de transferência de renda em anos eleitorais.
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Além disso, outro problema que o governo enfrenta é o ICMS sobre combustíveis, que representa 38% da receita dos estados com esse imposto. Os governadores estão planejando pedir à Suprema Corte que derrube a lei, pois isso os privaria de fundos muito necessários.
Os caminhoneiros também expressaram seu descontentamento com os preços, ameaçando ações judiciais e, muito pior, entrar em greve. O governo está preocupado com possíveis bloqueios nas principais rodovias para o embarque de produtos agrícolas, embora uma greve como a de 2018 seja pouco provável.
Dependência
A guerra na Ucrânia expôs um enorme ponto cego para o agronegócio brasileiro: sua dependência excessiva do transporte rodoviário e também dos fertilizantes russos. Com as sanções ocidentais a Moscou, os embarques dos dois maiores fornecedores do Brasil – Rússia e Bielorrússia – estão em risco. Os riscos de confiar demais em um ou um punhado de países, no entanto, também estão presentes para outros produtos.
Dados do Observatório da Complexidade Econômica são motivo de algum alarme:
- 83% do trigo importado do Brasil vem de um único fornecedor: Argentina;
- Três quartos das importações de lácteos vêm somente da Argentina e do Uruguai;
- A China e os EUA respondem por 64% dos herbicidas importados do Brasil;
- Um terço dos inseticidas importados pelo Brasil vem dos EUA.
Por que isso importa?
A falta de um portfólio variado de fornecimento para os principais produtos deixa o Brasil superexposto às vicissitudes desses países. Por exemplo, problemas de safra na Argentina atrapalhariam completamente o mercado brasileiro – já que metade do trigo do país vem do exterior.
Fertilizantes
O governo lançou um programa nacional de fertilizantes para fomentar a produção nacional, mas só dará frutos no longo prazo. A Anda, uma associação que representa a indústria de fertilizantes no Brasil, disse na semana passada que o país tem estoques suficientes para mais três meses – o que está “acima da média dos anos anteriores”.
