O reajuste nos preços dos combustíveis anunciado pela Petrobras na última semana tem tornado inviável o trabalho de taxistas acreanos. Na cidade de Jordão (AC), onde o litro da gasolina chega a vendido a R$ 11,56, trabalhadores com anos de experiência estão considerando a possibilidade de encerrar suas atividades.
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“Estou pensando em parar (de vez). Não tem condições. Se começar a passar para o consumidor, ele não tem como pagar”, afirmou o taxista Venâncio de Lima Silva, de 56 anos.
Segundo o profissional, muitos passageiros preferem ir a pé do que pagar mais caro. “Quando cobrei R$ 5 a mais, a pessoa desistiu. Se for mais caro, não pegam táxi”, relata.
A situação em Jordão é ainda mais grave do que em outras cidades brasileiros porque o município depende do transporte aéreo e fluvial. Além dos preços altos, os moradores também enfrentam a escassez de combustível.
O cenário não está muito melhor em Marechal Thaumaturgo (AC), onde a gasolina custa R$ 10,55 o litro no único posto existente. O valor não cabe no bolso da maioria das mais de 19 mil pessoas que vivem na cidade, onde a renda média era de 1,8 salário mínimo em 2019.
Alguns postos até tentaram comprar combustíveis das distribuidoras antes do aumento, mas o novo valor já estava em vigência, explicou em nota Sindicato dos Postos de Combustíveis do Acre (Sindepac).
“Por tal razão, os preços nas bombas já sofreram o reajuste. O Sindepac, por meio da assessoria jurídica, vai acionar meio legais para reaver essa situação, bem como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)”, afirmou.
Fiscalização
Na tentativa de evitar aumentos abusivos, o Procon-AC e o Ministério Público do Estado iniciaram uma operação para fiscalizar e notificar postos de combustíveis. As denúncias são recebidas pelo MPE e checadas pela autarquia.
“Todas as revendedoras serão notificadas para apresentação de documentos, sendo concedido prazo para apresentação de defesa. Caso seja constatada alguma abusividade, sujeitará a imposição de sanções nos termos da legislação consumerista”, detalhou a diretora-presidente do Procon-AC, Alana Albuquerque.
Na última semana, a Petrobras aumentou em 18,8% a gasolina e em 24,9% o diesel vendidos em suas refinarias. O reajuste é resultado direito da pressão causada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia nos preços do barril de petróleo, cuja cotação superou os US$ 130.