A Uber implementou um novo recurso há muito pedido pelos motorista parceiros, passando a exibir o valor e o destino da corrida antes que ela seja aceita. A novidade tornou ainda mais difícil para o passageiro conseguir uma viagem, especialmente quando a distância é curta.
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Outra mudança adotada pela empresa é o valor da tarifa dinâmica, o que não agradou a todos os trabalhadores da categoria. Entre os usuários, as reclamações são quase unanimidade.
“O preço mudou, claro, por conta dos aumentos dos insumos, mas a principal questão é a redução da qualidade do serviço. Virou padrão esperar mais de 30 minutos por um carro, e quando tem corrida barata eles normalmente não aceitam. Por conta disso, estou recorrendo a outros aplicativos que não usava antes”, conta a publicitária Nathália Rocha, moradora de Vitória (ES).
O alto preço da tarifa dinâmica, adotada quando a oferta de carros é bem menor que a procura, também é motivo de queixas. “A realidade é que eles não aceitam mais corridas rápidas e baratas, a não ser quando estão com preço dinâmico, mas são sempre valores irreais para trajetos tão curtos”, diz a fotógrafa Beatriz Sales, da cidade de São Paulo (SP).
Reivindicações da categoria
Os motoristas de aplicativo justificam que muitas viagens não compensam, considerando o preço atual da gasolina. Para fazer o cálculo antes da corrida, eles reivindicavam há bastante tempo a possibilidade de ver o destino antes, além de um aumento no percentual repassado pela empresa.
Segundo o presidente da Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo (AMASP), Eduardo Lima de Souza, os profissionais estão divididos sobre as novas regras. Agora, a tarifa dinâmica significa um acréscimo de valores fixos, enquanto antes a viagem ficava, por exemplo, 1,5 vez mais cara.
“Na prática, acontece o seguinte: a plataforma calcula um preço fechado para o destino, ou seja, se o passageiro pedir para ir por um outro caminho ou o trânsito piorar, não há acréscimo no valor. Para alguns, vale mais a pena trajetos mais longos, para outros, a mudança faz com que as corridas curtas sejam mais interessantes, pois há menos risco de andar mais pena trajetos mais longos, para outros, a mudança faz com que as corridas curtas sejam mais interessantes, pois há menos risco de andar mais pelo mesmo preço”, afirma.
“A principal reclamação é que a empresa está ficando com mais de 50% das corridas. Cobram mais caro do passageiro, mas repassam menos para o motorista. O trabalhador ganha o mesmo desde 2016, mas as corridas de aplicativo estão entre os itens que mais encareceram nos últimos dois anos”, completa.
Empresa se pronuncia
A Uber nega a informação de que fica com mais da metade do valor, mas não informa qual seu percentual de retenção. A respeito dos novos recursos, a empresa afirma que testou as mudanças antes da implementação em todo o país.
“No passado, essa taxa era fixa em 25%, mas desde 2018 ela se tornou variável para que a Uber tivesse maior flexibilidade para usar esse valor em descontos aos usuários e promoções aos parceiros. Como esse percentual não é fixo, podem surgir dúvidas porque em algumas viagens ele pode ser maior e em outros pode ser menor”, diz a empresa.