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Quanto dá para comprar de gasolina e de carne com o saque do FGTS? Entenda o efeito da inflação

Impacto da disparada da inflação reduz o poder de compra dos trabalhadores, mesmo do que vão sacar até R$ 1 mil.



Começa no dia 20 de abril o saque extraordinário de até R$ 1 mil do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). A medida vai garantir uma grana extra para cerca de 42 milhões de brasileiros, mas a quantidade de produtos na cesta dos cidadãos não deve aumentar tanto.

Leia mais: Novo saque de R$ 1 mil do FGTS começa amanhã, 20. Quem pode sacar?

Segundo pesquisa feita pelo O Globo, a quantia é suficiente para comprar cerca de metade da quantidade de itens básicos que podiam ser adquiridos há dois anos. Em 2020, o governo autorizou o saque de até R$ 1.045 do FGTS em meio à pandemia de Covid-19.

O valor também poderá custear apenas metade do combustível que poderia ser comprado dois anos atrás. De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o consumidor comprava 257 litros de gasolina com R$ 1.045 em 2020. Agora, os R$ 1 mil garantem apenas 137,6 litros do derivado de petróleo.

Com a quantia liberada no início da pandemia, bastava adicionar R$ 44 para comprar um celular Galaxy A01, modelo entrada da Samsung. Hoje, são necessários mais R$ 299 para adquirir o Galaxy A03, atual aparelho de entrada da marca.

Inflação pesa no bolso

André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), pontua que o aumento da inflação nos últimos dois anos atinge principalmente os alimentos, a energia elétrica e os combustíveis.

“São aumentos que não dá para driblar. Ninguém pode economizar na comida, a gente precisa comprar arroz e feijão. Para quem é mais dependente da gasolina, esse é um problema, mas o diesel, que é responsável pelo escoamento da produção agrícola, transporte nas rodovias e transporte interurbano, tem um impacto grande e indireto no custo de tudo que a gente compra”, diz.

“A inflação está maior agora, está pegando uma velocidade maior e mais persistente e está mais rapidamente destruindo o valor do dinheiro. Isso vai penalizar bastante aquelas pessoas que usarem esse dinheiro para complementar o orçamento do mês ou pagar uma dívida”, completa.

Além da dificuldade causada pelo aumento dos preços, o saque extraordinário também deve gerar um impacto menor na economia por conta do nível de endividamento. Dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostram que 76,6% das famílias brasileiros deviam algum financiamento em fevereiro, enquanto 27% estavam com alguma dívida atrasada.

Na data do último saque do FGTS, 66,6% tinham financiamentos e 21,6% possuíam contas atrasadas.

Por outro lado, alguns especialistas que a medida ainda tem pontos positivos. “A medida de liberar o FGTS é muito boa no sentido de que se não houvesse essa ajuda, as camadas com menos renda da sociedade sofreriam muito mais, porque elas não têm nenhum mecanismo de proteção do aumento da inflação”, completa o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.




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