O governo federal tem uma proposta ousada para facilitar o financiamento da casa própria pelos brasileiros. O plano é autorizar o uso dos depósitos futuros do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para ampliar o capacidade de pagamento do trabalhador.
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Na prática, o desenho feito pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) funciona como uma espécie de empréstimo consignado com os recolhimentos do FGTS. Especialistas afirmam que a medida pode colocar em risco a estabilidade financeira dos assalariados.
A proposta do MDR é destinada a financiamentos feitos por meio do programa habitacional Casa Verde e Amarela, operado pela Caixa Econômica Federal. A pasta acredita que o uso do saldo futuro do FGTS vai funcionar como um tipo de “caução”.
“Caso o beneficiário opte pela utilização dos depósitos futuros de FGTS, não haverá mudança na taxa de juros do financiamento habitacional, uma vez que os juros do programa são fixos”, explicou em nota.
A sugestão será enviada para análise ao Conselho Curador do FGTS, órgão que administra os recursos do fundo.
Riscos
Para Eduardo Filho, especialista em educação financeira e de investimentos da Ágora, a mudança coloca em risco o planejamento financeiro do trabalhador de baixa renda, que em geral tem no FGTS uma reserva de emergência. “A pessoa já ganha pouco e vai comprometer algo que ainda não recebeu. Então, deve ser analisado com bastante prudência”, afirmou.
A situação será ainda mais grave no caso de demissão, já que o contratante precisará quitar as dívidas do financiamento e não poderá contar com os recursos do FGTS enquanto busca um novo emprego.
“Só vale a pena caso a pessoa faça um planejamento financeiro que garanta que ela terá o valor das parcelas em caso de demissão inesperada”, completou Fábio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da ‘Eu me banco’.