O governo eleito confirmou que o Auxílio Brasil voltará a se chamar Bolsa Família a partir do próximo ano. Além do retorno do nome original, o programa também deve retomar antigos critérios que podem deixar algumas famílias fora da folha de pagamentos. Mas o que realmente preocupa o governo eleito é o orçamento.
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O maior programa de transferência de renda hoje atende mais de 21,53 milhões de lares em situação de pobreza ou extrema pobreza. Saiba o que esperar do futuro da iniciativa a partir de janeiro.
Fora da folha de pagamento
No começo do ano, o governo federal zerou a fila de espera pelo benefício, mas o número de inscritos voltou a crescer logo em seguida. Em agosto, Jair Bolsonaro aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) conhecida como PEC Kamikaze, que liberou recursos extras para o Auxílio Brasil e outros auxílios.
Ao turbinar o benefício, a intenção do presidente atual era vencer a disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vinha se mostrando em vantagem nas pesquisas eleitorais. A medida não surtiu o resultado esperado, já que Lula venceu as eleições para presidente da República.
Desde então, milhões de pessoas foram adicionadas à folha do programa todos os meses, mas a espera continuou crescendo junto com o aumento da pobreza. Após o segundo turno das eleições, não houveram novas inclusões em massa como vinha ocorrendo nos meses anteriores. Com isso, a fila de pessoas aguardando ser chamadas pelo Ministério da Cidadania segue aumentando.
Atualmente, 127,9 mil estão na fila de espera pelo Bols Família. Todas essas pessoas já tiveram sua inscrição aprovada pelo governo, mas ainda não entraram no programa.
Expectativas para 2023
Lula se comprometeu a continuar pagando R$ 600 mensais por beneficiário a partir de janeiro, e para isso busca a aprovação de uma segunda PEC. A equipe do presidente estima um gasto de R$ 175 bilhões com o benefício no próximo ano, incluindo o adicional extra de R$ 150 prometido para famílias com crianças menores de seis anos.
Considerando o público total de 21,53 milhões de lares, o gasto mensal com os pagamentos é de R$ 13 bilhões. Os recursos solicitados pelo governo eleito por meio da PEC são suficientes apenas para custear o benefício dessas pessoas, mas não para zerar a fila de espera ou impedir que ela aumente.
Por esse motivo, é possível que muitas pessoas fiquem de fora do programa, especialmente nos próximos meses.