Após a confirmação de um caso de mal da vaca louca em um animal em Marabá (PA), o governo brasileiro suspendeu temporariamente nesta quinta-feira (23) as exportações de carne bovina para a China, nosso maior importador na categoria. Com isso começa a crescer o questionamento se a carne pode ficar mais barata no Brasil, voltando o consumo para o mercado interno. Leia mais para descobrir.
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A suspensão nos moldes de autoembargo acontece por conta de um protocolo sanitário assinado com a China em 2015. Ele se repete sempre que o Brasil tem uma nova ocorrência de vaca louca – encefalopatia espongiforme bovina.
“Seguindo o protocolo sanitário oficial, as exportações para a China serão temporariamente suspensas a partir desta quinta-feira (23). No entanto, o diálogo com as autoridades está sendo intensificado para demonstrar todas as informações e o pronto restabelecimento do comércio da carne brasileira”, disse o Ministério da Agricultura, em nota.
Para a Associação de Exportadores Brasileiros, a suspensão deve durar até meados de abril e trazer um prejuízo de cerca de US$ 500 milhões para o Brasil.
“Esse valor é muito distante do prejuízo bilionário do período de suspensão em 2021, mas vai acontecer. Além disso, os embarques serão adiados, os produtores não vão perder tudo por causa da suspensão. Parte pode ser direcionada ao mercado interno e também a outros países”, disse o presidente da AEB, Augusto de Castro, à CNN. A suspensão de 2021 citada durou 100 dias.
Afinal, carne pode ficar mais barata no Brasil?
Segundo a AEB, a ideia é que não. Isso porque o preço do boi vivo está em queda no mercado internacional, aliviando os preços e com potencial de segurar a operação dos pecuaristas, que devem segurar o abate.
O fluxo comercial também deve ser retomado normalmente após a conclusão da suspensão, já que o mundo não tem carne bovina suficiente e até mesma a China deve manter sua demanda.
Já o economista André Braz, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), acredita que os pecuaristas devem tentar manter o gado no pasto por mais tempo, acreditando na recompensa da demanda após a suspensão. Isso passa a ser menos vantajoso para quem produz gado quando o tempo de espera começa a ser muito maior que o esperado. “Provavelmente mercado vai se ajustar a essa demanda mais fraca da China e vamos ver alguma recompensa no preço mas não tão grande”, disse Braz.
Somente em janeiro de 2023, a China foi responsável sozinha com comprar 57% da carne bovina brasileira, por US$ 485,3 milhões. Em 2022, também foi a nossa maior compradora de carne bovina, nos pagando US$ 7,98 bilhões.