O fenômeno é global e não é novo: diversas empresas investem em rotatividade, sobretudo ao pensar em um público recém-formado ou em formação, querendo uma primeira oportunidade. O movimento tem levado jovens ao burnout logo no início das suas carreiras e gerado indignação na internet.
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Não é incomum encontrar reclamações e relatos de jovens que, antes apaixonados e entusiasmados pela oportunidade de iniciarem suas carreiras em um lugar competitivo e cobiçado, acabam relatando exaustão, problemas e traumas pelas primeiras experiências de trabalho.
Longe de acontecer somente em países com alto índice de desemprego, como o Brasil, o movimento é global e já foi relatado em diversos países, incluindo nações da Europa e mesmo os Estados Unidos.
O que as empresas que estão levando jovens ao burnout têm em comum?
Por serem muito inexperientes e não terem tanta maturidade para as dinâmicas políticas e sociais que o trabalho em equipe exige, muitos jovens vivem, nessas empresas, situações de assédio e desvalorização veladas, sem perceber.
É o caso de empresas que conscientemente estabelecem sua cultura em torno da alta rotatividade de jovens em cargos de menor complexidade e investimento, como estágios, vagas juniores e até mesmo de trabalhos mais pesados, como os manuais.
Do outro lado do espectro empresarial estão empresas que têm uma boa definição de cargos e salários, jornadas e processos bem estipulados e projetos de desenvolvimento individual. Nelas, o jovem identifica qual caminho seguir para uma promoção e seu crescimento interno, tendo alguma previsibilidade.
“Quanto menos experiência tiver o funcionário, mais aberta é sua mente e, geralmente, mais ele aceita em um ambiente de trabalho”, afirma a professora Helen Hughes, da Universidade de Leeds (Inglaterra).
“Eles não têm as sombras da experiência, o que traz vantagens para o empregador – eles podem ser moldados com mais facilidade”, completa.
Essas casos podem trazer vantagens para empresas dos dois perfis: tanto aquelas que querem moldar o profissional perfeito para crescer na sua empresa e fazer ela crescer junto, quanto aqueles que querem trabalhadores dispostos a aceitar condições de trabalho racionalmente inaceitáveis.
Para jovens, explica a especialista, o primeiro caminho é mais frutífero e processos como estágios bem estruturados, programas de trainee e vagas em empresas com valores bem definidos e comunicados podem ajudar nessa trajetória.