O Bolsa Família deve passar por algumas mudanças nos próximos meses, como a volta das condicionalidades para receber os valores e a criação de um adicional de R$ 150 para crianças abaixo de seis anos. O mais novo plano do governo é oferecer outro apoio às famílias do programa: cursos profissionalizantes.
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A ideia está em fase de discussão pelos ministros do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, e do Trabalho, Luiz Marinho, que atuam junto a empresas públicas e privadas. A medida visa gerar emprego e renda, facilitando a emancipação das famílias.
A lista de profissões disponíveis para capacitação ainda está sendo elaborada. Ela deve incluir cursos de áreas como construção civil, projetos de infraestrutura, agropecuária, óleo e gás e outras. Pedreiro, eletricista, encanador e mestre de obras são alguns exemplos.
Locais e parcerias
Para definir os locais onde os cursos serão realizados, o governo vai cruzar um mapa de regiões que necessitam de mão de obra, com um segundo mapa que concentra a população de baixa renda que precisa de emprego. Um dos principais apoiadores do projeto será o setor de construção, que estará presente por meio de entidades e empresas privadas.
“Se eu vou fazer uma barragem no interior do Ceará, consigo capacitar as pessoas daquele lugar, não preciso levar trabalhador de outro ponto do país. Vou aproveitar a mão de obra local”, completa José Carlos Martins, presidente da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).
Curso será obrigatório?
Segundo Dias, a participação nos treinamentos não será obrigatória porque o governo acredita que a adesão ocorrerá de forma voluntária.
“A crítica de que o modelo do Bolsa Família ‘não ensina a pescar’ é centralizada no autoritarismo e no moralismo. A família tem situação de tamanha emergência, que é preciso dar o peixe para que ela apenas sobreviva. Mas precisa de condicionantes: criança tem que estar na escola, grávida tem que fazer pré-natal, as vacinas precisam estar em dia”, opina Carla Beni, professora de MBA da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Parlamentares da oposição têm opinião contrária e defendem a obrigatoriedade da participação. Para o deputado Coronel Tadeu (PL-SP), é preciso forçar os beneficiários ao treinamento, caso contrário o indivíduo “fica só mexendo no celular, preenchendo o cadastro e recebendo o dinheiro”.