Uma das profissões mais importantes no setor de transportes é a do caminhoneiro. Geralmente passada de pai para filho, como são conhecidas as carreiras que se perpetuam na mesma família, a realidade nessa profissão vem sendo alterada com o passar dos anos.
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De acordo com o Instituto Paulista do Transporte de Carga (IPTC), o número de pessoas habitadas na categoria C vem caindo 5,9% ao ano. A pesquisa foi feita baseada em um levantamento de dados do Detran desde 2015. Vale ressaltar que essa é a categoria que permite a condução de veículos de carga não articulados. Anteriormente, o setor possuía um crescimento de 1,4% ao ano.
Assim, mesmo tendo a maior frota do Brasil, o estado de São Paulo teve a queda mais expressiva que a média nacional. Com isso, a queda em SP foi de 8,9% de habilitações na categoria C, entre 2017 e 2018. Já em 2022, o país teve o menor registro de motoristas nesta categoria, com uma queda de 1,67% em relação a 2021.
Quais os motivos na queda da profissão?
Dentre os diversos fatores apontados pelos profissionais para a queda no interesse em se tornar caminhoneiro, está os baixos salários e a falta de estrutura ofertada a profissão. De acordo com a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), é necessário que o caminhoneiro trabalhe cerca de 13 horas diárias para conseguir um salário mensal de R$ 4 mil.
Além disso, outro fator que gera esse desinteresse é o aumento do custo de manutenção dos caminhões e o aumento do diesel, o que torna ainda mais cara a profissão. Ademais, há a desvalorização do frete, o que faz com que o preço recebido pelo caminhoneiro seja ainda mais baixo.
De acordo com o assessor executivo da CNTA, Marlon Maues, a queda no valor do frete faz com que “quem não quiser carregar pelo valor oferecido é substituído por outro autônomo que aceita preços menores”.
Profissão não é desejada entre os jovens
Segundo um levantamento realizado pela Associação Nacional do Transporte & Logística (NTC), cerca de 60% dos caminhoneiros em atividade atualmente possuem mais de 50 anos. Ou seja, o interesse dos jovens pela profissão tem diminuído com o decorrer do tempo.
Por fim, o presidente da NTC, Francisco Pelucio, aponta alguns fatores que justificam essa queda no interesse pela profissão: baixos salários, o tempo longe da família e a exposição à violência.