Trabalho escravo: Volkswagen se recusa a pagar R$ 165 milhões para vítimas

Após manter trabalhadores por mais de 10 anos em condições análogas a escravidão, a Volkswagen abandonou a audiência no Ministério do Trabalho.



Uma acusação de trabalho escravo contra a Volkswagen teve uma audiência realizada no Ministério Público do Trabalho na última quarta-feira (29). No entanto, a montadora tomou uma atitude inusitada: abandonou a negociação com os 14 trabalhadores identificados como vítimas.

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Além desses trabalhos, outras centenas de trabalhadores devem ser encontrados para receber a indenização que possuem direito. Assim, o valor também será pago para as famílias dos colaboradores que, conforme os relatos dos sobreviventes, foram assassinados na época.

No entanto, a empresa não deverá pagar somente a indenização. A Volkswagen deverá desembolsar também R$ 165 milhões para as vítimas escravizadas durante a situação, que ocorreu entre 1970 e 1980, durante o período da ditadura militar no Brasil. O caso de escravização da empresa aconteceu no Pará, na Fazenda Vale do Rio Cristalino.

Trabalho escravo durante 10 anos

Na época, os trabalhadores moravam na fazenda, de propriedade da montadora. Lá, foram obrigados a trabalhar em condições análogas ao trabalho escravo durante 10 anos. Segundo o relato das vítimas sobreviventes, eles viviam em situações degradantes, sem ter direito a auxílio médico e sob grande violência dos chefes.

Além disso, os trabalhadores que desejavam sair da fazenda sofriam ameaças. Os alojamentos eram insalubres, sem acesso à água potável e uma alimentação precária fornecida pela empresa. Outro fator que configura trabalho escravo é que a servidão foi por dívidas.

Em uma nota divulgada, a montadora nega todas as acusações sofridas. Assim, a Volkswagen afirma que não concorda com as declarações feitas pelos trabalhadores em relação aos fatos apresentados na justiça, dizendo que as alegações prestadas aconteceram de modo unilateral.

Ministério Público insistirá na indenização

Ao contrário da Volkswagen, o Ministério Público do Trabalho deixou claro que não irá abandonar o caso. Desse modo, afirmou que irá adotar medidas judiciais e extrajudiciais, com o intuito de obrigar a Volkswagen a arcar com os danos que causou às vítimas do trabalho escravo.

Ademais, o Ministério também se lamentou com as vítimas a respeito do comportamento da multinacional, visto que o posicionamento adotado pela empresa vai contra seu próprio discurso de respeito aos direitos humanos e ao Brasil. Por fim, o Ministério Público do Trabalho classificou essa situação como gravíssima, visto que a condição dos trabalhadores se manteve por mais de 10 anos.




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