Autoridades alemãs, incluindo os ministros do Trabalho e das Relações Exteriores, Hubertus Heil e Annalena Baerbock, comunicaram na última semana que planejam vir ao Brasil em junho para contratar enfermeiros brasileiros para atuarem em hospitais e clínicas do país europeu.
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A notícia é animadora, mas esse tipo de parceria não é exatamente uma novidade. Desde o ano passado, a Agência Federal de Empregos da Alemanha possui um acordo de cooperação com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) do Brasil, com o objetivo de trazer mão de obra para suprir a escassez de profissionais de saúde no país europeu.
“Faltam enfermeiros na Alemanha e, por isso, o governo quer buscá-los no exterior. Uma estratégia de recrutamento seria implementada em conjunto com os países onde há mais jovens e pessoas formadas do que o mercado de trabalho local pode absorver”, afirmou o ministro Hubertus Heil ao jornal alemão Der Spiegel.
Enfermeiros brasileiros poderão ter ganhos de até R$ 15 mil
Os salários oferecidos aos enfermeiros brasileiros que irão trabalhar na Alemanha começam em € 2.300 (cerca de R$ 12.400) e podem chegar a € 2.800 (R$ 15 mil) após a validação do diploma.
Em abril, o Cofen divulgou uma oportunidade similar na Alemanha, na qual não era necessário ter fluência no idioma alemão, pois os contratados teriam direito a um curso de idiomas antes de deixarem o Brasil, com dedicação integral até alcançar o nível intermediário. Além disso, as oportunidades na Alemanha também incluem auxílio na imigração, passagem aérea e a possibilidade de levar a família para o país.
Atualmente, a Alemanha enfrenta uma grave crise de falta de enfermeiros e profissionais de saúde, que se intensificou ainda mais com a pandemia de COVID-19. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país tem um déficit de quase 40 mil enfermeiros, que pode chegar a 1,5 milhão até 2050 . A situação é resultado de um perfil demográfico envelhecido, uma baixa taxa de formação de novos enfermeiros e uma alta rotatividade da profissão .
A OMS recomenda que os países que sofrem com o problema aumentem em média 8% o número total de graduados em enfermagem por ano, além de criar mecanismos para empregar e reter esses profissionais no sistema de saúde. A Alemanha tem buscado soluções para enfrentar o problema, incluindo a seleção de enfermeiros estrangeiros, como deve ocorrer com a vinda ao Brasil.