O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 13,75% ao ano. O patamar é o mesmo desde agosto de 2022, apesar da pressão do governo Lula pelo início dos cortes.
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O nível é o mais alto desde 2016, mas os economistas já esperavam sua manutenção pelo colegiado. O mercado projeta que a redução da Selic terá início apenas no segundo semestre, com a taxa fechando 2023 a 12,5%, conforme dados do último boletim Focus.
Momento pede ‘paciência’
Ao final do encontro de dois dias, o comitê emitiu um comunicado afirmando que o momento demanda “paciência e serenidade na condução da política monetária”. Segundo o documento, o ciclo de ajuste poderá ser retomado “caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, o que o Copom considera um “cenário menos provável”.
“O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária. O Copom enfatiza que, apesar de ser um cenário menos provável, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, afirma.
Contrapontos
Indicadores econômicos recentes tem sido usados para pressionar o BC a realizar cortes na taxa de juros. Em abril, o IPCA-15 (considerado a prévia da inflação) desacelerou e fechou o mês com alta de 0,57%. Vale lembrar que um dos objetivos de aumentar a Selic é desaquecer a economia e baixar a inflação.
Entretanto, a autoridade monetária enxerga fatores que contribuem com a manutenção dos juros atuais, como os preços de serviços em alta, as projeções de inflação longe da meta e o mercado de trabalho aquecido.
“O Copom deve manter o tom duro na sinalização da política monetária, reforçando que o cenário não pressupõe cortes de juros iminentes e em linha com as recentes falas dos diretores e do próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto”, avalia o chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, João Savignon.
Críticas
A manutenção da taxa no mesmo percentual é um motivo de crítica frequente por parte de membros do governo federal, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que aponta os juros como parcialmente responsáveis pela situação econômica atual. No fim de março, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) falou sobre o tema.
“Não há nada que justifique ter 8% de taxa de juros real, acima da inflação, quando não há demanda explodindo e, de outro lado, no mundo inteiro, há praticamente juros negativos”, disse ele durante um evento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 20 e 21 junho.