‘Não tem orçamento’: especialista desacredita no retorno dos carros populares

Ao contrário do que é esperado por muitos brasileiros, especialista afirma que retorno dos carros populares pode não acontecer no país.



O pacote de medidas para incentivar o retorno dos carros populares no Brasil está previsto para ser lançado nesta quinta-feira, 25, Dia da Indústria. Com o intuito de auxiliar a retomada do crescimento das montadoras, o pacote está gerando grande expectativa também nos consumidores que estão querendo a volta dos carros populares.

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O economista José Roberto Mendonça de Barros aconselha que os brasileiros não se empolguem tanto assim. De acordo com Mendonça, o pensamento do governo pode estar equivocado, visto que o país não está em uma situação fiscal tão favorável, sem falar sobre o grande índice de endividamento da população.

“Agora, não tem crescimento, não tem orçamento, não tem Tesouro, não tem o sistema financeiro, e não consigo ver como resolver a questão de limitação de renda dos consumidores”, afirmpu José Roberto. O economista também ressaltou que as montadoras não estão interessadas em vender carros do tipo.

Elas querem focar nos mais caros, visando o maior lucro possível.

Juros altos não é o único problema do programa

Ao ser questionado se os juros altos são os responsáveis pelo baixo desempenho de vendas dos automóveis, o economista afirma que esse não é o único problema atual do país. Para ele, o mercado encolheu devido à diminuição na capacidade de compra das famílias e ao alto grau de endividamento.

Dessa forma, as montadoras abriram mão de produzir carros populares após a queda de mercado durante a pandemia da Covid-19, logo passaram a focar principalmente na venda de SUVs e picapes. Por isso, Mendonça de Barros afirmou que as empresas não irão voltar atrás para ter menos lucro e maiores problemas com os pagamentos.

“Todo mundo quer vender SUVs e picapes, e não carro popular”, apontou.

Além de diminuir o preço dos veículos, o governo afirmou também que iria reduzir os impostos, como o IPI e o ICMS, contudo o economista acha essa medida ainda mais difícil. Isso, devido aos estados já terem perdido muito dinheiro com a redução dos impostos da gasolina e da energia elétrica.

“Duvido que estejam dispostos a colocar mais um pedaço do ICMS em uma medida como essa. E o IPI dos carros de menor cilindrada já é baixo, na casa dos 5%. E se for aprovada a reforma tributária, o IPI sobe de novo”, explicou.

Plano dos ‘carros populares’ pode não ser lançado esta semana

Ao contrário do que é desejado por muitos, José Roberto afirmou que acredita que possa “até de acabar não saindo nada nessa direção [de redução significativa de preços], pois não há condições concretas de se construir um programa deste tipo nesse momento”.

Desse modo, mesmo que todos os setores envolvidos contribuíssem para a medida, não seria o suficiente para conseguir aumentar o número de carros vendidos no ano. Sendo assim, caso o programa realmente seja liberado, pouca coisa irá mudar, visto que os descontos serão muito pequenos.

“A volta do mercado de massa de carros e de outros produtos depende da volta do crescimento econômico. Se baratear o preço dos carros fosse algo permanente, seria ótimo, mas esse tipo de programa é só emergencial. Pode dar alguma ajuda nas vendas no curtíssimo prazo, mas não resolve o problema nem dos revendedores”, finalizou.




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