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Nem a ciência acredita! Mulher com genética rara vive sem dor e medo

Pesquisa investiga o caso de Jo Cameron, escocesa com duas mutações genéticas únicas, sem registros similares no mundo.



Na imensidão do mundo, encontramos pessoas com habilidades extraordinárias. Um exemplo surpreendente é Jo Cameron, uma escocesa que possui duas mutações genéticas raras. Ela tem a capacidade quase mágica de quase não sentir dor e se recuperar muito mais rápido do que a média das pessoas.

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Essa história fascinante tem encantado cientistas e especialistas de todo o mundo, que dedicaram uma década inteira para desvendar o funcionamento dessas mutações e como elas podem beneficiar a medicina e a saúde humana.

Entenda a história de Jo Cameron

A descoberta das mutações genéticas de Jo Cameron aconteceu após uma cirurgia em 2013, quando ela tinha 65 anos, para tratar uma artrite na mão. O anestesista avisou a Jo sobre a dor intensa que ela sentiria durante e depois do procedimento. Mas para surpresa de todos, inclusive do médico, a paciente relatou que não sentiu absolutamente nada e nem precisou tomar remédios analgésicos.

Jo Cameron
Foto: PETER JOLLY/REX/SHUTTERSTOCK

Essa falta de dor chamou a atenção do anestesista Devjit Srivastava, que encaminhou o caso para geneticistas da University College London (UCL) e da Universidade de Oxford, no Reino Unido. A equipe de especialistas se dedicou a uma análise minuciosa do DNA de Jo Cameron, coletando amostras de tecido e sangue para identificar as mutações responsáveis por sua insensibilidade à dor e sua capacidade incrível de cicatrização acelerada.

Após seis anos de pesquisa intensa, eles descobriram mutações no gene FAAH-OUT, que até então era totalmente desconhecido. Essas mutações diminuem a expressão do gene FAAH, que está relacionado à dor, humor e memória, e também reduzem a produção da enzima FAAH, responsável pela degradação da “substância da felicidade” chamada anandamida.

Além de não sentir dor, as mutações genéticas de Jo Cameron estão ligadas à sua capacidade de cicatrização super rápida. Suas células têm um poder incrível de se regenerar de 20 a 30% mais rápido do que o normal.

Essas descobertas têm deixado a comunidade científica maravilhada, afinal, essas mutações são extremamente raras.

“Até agora, não conhecemos mais ninguém no mundo que tenha essas duas mutações juntas”, afirmou Andrei Okorokov, professor associado da UCL e coautor de um estudo sobre as mutações publicado na revista de neurologia Brain.

Mas por que a dor é experimentada pela maioria das pessoas?

A dor é uma resposta importante do nosso corpo para nos proteger de perigos ou ameaças. Apesar de ser desconfortável, ela desempenha um papel essencial na preservação da nossa integridade física.

A falta dessa sensação pode ter consequências graves, como no caso de Jo, que só percebe queimaduras nos braços quando sente o cheiro da sua própria pele queimada.

As mutações genéticas de Jo Cameron também afetam sua capacidade de lidar com emoções perturbadoras de maneira mais rápida.

“Eu sinto as mesmas emoções que qualquer outra pessoa quando coisas desagradáveis acontecem, reajo instantaneamente como qualquer outra pessoa faria. Mas, imediatamente, penso que deve haver soluções e começo a pensar em estratégias”, relata Cameron.

É apenas o começo de uma jornada de descobertas

Essas descobertas são apenas o começo de uma jornada emocionante na pesquisa genética e na compreensão do funcionamento do corpo humano. O professor James Cox, da UCL, acredita que esses avanços abrirão caminho para o desenvolvimento de medicamentos voltados para a saúde mental, controle da dor e cicatrização de feridas.

A dor crônica é uma das condições de saúde mais comuns atualmente, e a busca por analgésicos mais eficazes e seguros é uma necessidade urgente.




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