Fim do paraíso: por que os nômades digitais estão voltando para casa?

Nômades digitais: a busca pela liberdade, os desafios da vida itinerante e a realidade por trás das postagens inspiradoras nas redes sociais.



O estilo de vida dos nômades digitais é realmente tão glamoroso quanto parece? Por que um número crescente deles está abandonando as paisagens paradisíacas e buscando a estabilidade de um lar fixo? Essas são questões que surgem ao observarmos essa comunidade de profissionais em constante movimento.

Leia mais: Nômades digitais: ficou mais fácil trabalhar na Espanha. O que mudou?

Estilo de vida dos nômades digitais

Os nômades digitais são profissionais que trabalham de forma remota, geralmente viajando e explorando diferentes lugares enquanto realizam suas tarefas profissionais.

Existem diferentes categorias: freelancers, empreendedores, trabalhadores remotos em tempo integral para empresas e outros. Muitos possuem formação educacional sólida e estão ligados ao setor administrativo, de acordo com especialistas.

Embora seja difícil quantificar exatamente o número de nômades digitais, dados e relatos indicam um crescimento significativo dessa comunidade nos últimos anos, com um impulso ainda maior durante a pandemia de Covid-19.

Por exemplo, nos Estados Unidos, estima-se que a quantidade aumentou em 131% desde 2019, alcançando a marca dos milhões, de acordo com um relatório da consultoria MBO Partners.

Por mais que existam muitos recursos disponíveis para ajudar os profissionais remotos a se adaptarem a esse estilo de vida, cada vez mais relatos indicam que a realidade nem sempre corresponde à imagem glamorosa retratada em blogs de viagem e nas redes sociais.

Falta de laços sociais

Muitos nômades digitais mencionam a falta de laços sociais como um desafio significativo, afetando sua saúde mental, física e até mesmo sua satisfação profissional. Esses profissionais relatam que a constante mudança de lugares pode trazer consequências inesperadas, como ataques de pânico e outras adversidades.

Lauren Juliff é um exemplo disso. Ela deixou seu emprego no Reino Unido em busca de aventuras e se tornou uma nômade digital em tempo integral. No entanto, após cinco anos, ela percebeu que o estilo de vida nômade estava se tornando cansativo e impactando negativamente sua saúde física e mental. Decidindo se estabelecer em Portugal, ela encontrou maior estabilidade, triplicou sua renda e construiu uma comunidade sólida de amigos.

Beverly Thompson, socióloga do Siena College nos Estados Unidos, aponta que muitas pessoas que escolhem esse ritmo de vida não estão preparadas para as desvantagens, que são frequentemente ocultadas por essa comunidade. A solidão, problemas de saúde mental e dificuldades financeiras podem se tornar realidades difíceis de enfrentar.

Questões burocráticas e legais

Além disso, questões burocráticas e legais podem complicar a vida de um nômade digital, como dificuldades em encontrar acomodações permanentes em alguns países.

Embora ainda existam muitos indivíduos que aproveitam esse estilo de vida, é importante reconhecer que manter a produtividade, a saúde e os relacionamentos pessoais durante as constantes mudanças pode ser um desafio. Os nômades digitais representam uma parcela pequena da força de trabalho global e tendem a se concentrar em países com vantagens de passaporte.

E há outro ponto de alerta. “As empresas querem os funcionários de volta para os escritórios. Por isso, a tendência continuará crescendo, mas talvez com menos rapidez”, reforça a socióloga Beverly Thompson, do Siena College, nos Estados Unidos, especializada em pesquisas sobre o estilo de vida dos nômades digitais.




Voltar ao topo

Deixe um comentário