O novo Citroën C3 decepcionou os avaliadores durante o Latin NCAP, principal teste de segurança veicular da América Latina. O modelo lançado em 2022 e fabricado em Porto Real (RJ) conseguiu obter a menor nota possível dada pelo teste: zero estrela. Durante a avaliação, quatro grupos principais são avaliados: proteção ao passageiro adulto, a crianças, aos pedestres e assistentes de segurança ligados à automação veicular.
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Em resumo, o C3 atingiu apenas 32% do desempenho ideal, dando margem para grandes críticas à fabricante. Em relação aos adultos, o carro com apenas dois airbags uma apresentou boa proteção à cabeça dos passageiros do banco da frente; contudo, o pescoço fica sujeito ao efeito chicote. Isso ocorre quando um veículo bate por trás.
O Latin NCAP apontou também a fragilidade estrutural do carro, afirmando que o hatch não se adequa aos documentos da ONU, que regula os padrões de segurança para colisões traseiras. O órgão apontou também para a falta de limitador de velocidade, alerta de pontos cegos e sistema que previne evasão involuntária da faixa de rodagem.
Citroën C3 é um verdadeiro perigo para crianças
Mesmo recebendo diversas críticas nos seus mais diversos sistemas, o aspecto que mais decepcionou foi em relação à proteção das crianças. Nesse caso, a pontuação atingiu apenas 12% do esperado.
O maior ponto de polêmica está relacionado à penalização, por não ser possível desativar o airbag do carona para a instalação da cadeirinha na frente. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é proibido que crianças andem na cadeira da frente do carro, independentemente do acessório de segurança, até os 10 anos de idade.
O C3 perdeu pontos por não exibir essas proteções. Dessa forma, é justo afirmar que o modelo da Citroën foi punido por uma exigência que não faz sentido para o mercado brasileiro.
O que diz a defesa?
De acordo com o responsável técnico de engenharia do conglomerado na América do Sul, Márcio Tonani, o modelo “atendia aos requisitos internacionais de segurança”, logo, ele discorda das críticas realizadas. Em relação a ter apenas dois airbags, Tonani afirmou que era possível adicionar outros, assim como no C3 Aircross.
No C3, a quantidade foi escolhida devido à definição de mercado estabelecida pela empresa. Em contrapartida, o presidente do Conselho de Administração do Latin NCAP, Stephan Brodziak, tem uma visão oposta a do executivo da montadora. Para ele, o Citroën C3 deve parar de ser produzido. Afirmou que é uma vergonha que a Stellantis siga produzindo carros “tão ruins” assim.
“Um carro dessa natureza representa uma afronta à saúde e à integridade dos latino-americanos, que são tão vulneráveis em situações de colisões e atropelamentos quanto os habitantes dos países onde a Stellantis jamais se atreveria a comercializar um carro com segurança tão precária”, afirmou Brodziak.