Os medicamentos genéricos fazem parte da rotina dos brasileiros, especialmente por terem preços mais atrativos em relação ao remédio de referência. É comum ver consumidores chegando ao balcão da farmácia e pedido o produto apenas pelo nome do princípio ativo.
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A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no entanto, alerta que o cliente também deve ficar atento ao nome do fabricante. A entidade orienta que a marca de genéricos e similares não deve ser trocada durante tratamentos.
A maior parte dos medicamentos mais consumidos pelos brasileiros pode ser produzida por outros laboratórios em forma de genéricos ou similares, já que tem a patente expirada. A Anvisa é o órgão responsável por deferir o registro com base em estudos clínicos que comprovem a segurança e a eficácia do produto.
Um desses estudos deve demonstrar a intercambialidade, ou seja, que o medicamento genérico ou similar pode ser usado para substituir o fármaco de referência.
“A intercambialidade, ou seja, a segura substituição do medicamento de referência pelo seu genérico, é comprovada por testes de equivalência terapêutica, que incluem comparação in vitro, através dos estudos de equivalência farmacêutica e in vivo, com os estudos de bioequivalência apresentados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária“, explica o órgão regulador.
Não troque a fabricante
Alguns princípios ativos, como a losartana, hoje são produzidos por mais de 20 laboratórios no país, mas a marca escolhida não deve ser trocada por outra durante o tratamento.
“Os medicamentos genéricos não podem ser considerados intercambiáveis com os similares, nem os genéricos podem ser intercambiáveis entre si, nem os similares podem ser considerados intercambiáveis entre si, porque eles não fizeram essa demonstração experimental”, afirma a Anvisa.
A agência explica que é inviável realizar testes de intercambialidade com todas as fabricantes de genéricos e similares existentes no mercado, já que as possibilidades são imensas.
Embora tenham o mesmo princípio ativo, os medicamentos utilizam matérias-primas de fornecedores diferentes, além de diferirem quanto aos processos de produção e controle de qualidade. Esses e outros fatores podem alterar a eficácia e a segurança do tratamento.
“No caso de medicamentos biológicos ou biossimilares, em que o processo é o produto, apesar de terem as mesmas indicações, pelo fato de o processo de fabricação ser diferente, não se recomenda intercambiar, visto que cada paciente pode responder de diferentes formas.”
Tratamentos hormonais
O alerta tem como foco principal os pacientes com hipotireoidismo ou que fazem outros tipos de reposições hormonais. O mesmo vale para mulheres que tomam anticoncepcionais ou pessoas que estão em tratamento psiquiátrico.
“Teoricamente, a discussão com hormônio, principalmente o da tireoide, é que a dose do hormônio da tireoide é em micrograma, não é em miligrama. […] Ficar trocando de um genérico para outro e de um similar para outro, mesmo sabendo que são pequenas as diferenças, quando a gente fala de microgramas, essas diferenças podem ser significativas”, detalha o endocrinologista Rodrigo de Oliveira Moreira, diretor do Departamento de Diabetes Mellitus da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).
Apesar da dica de não alterar a fabricante de genéricos durante a terapia, os especialistas citados lembram que esse tipo de medicamento é validado pela Anvisa e seu uso continua sendo seguro.