Você já imaginou ir a uma festa sem álcool, mas com uma bebida feita de cacau puro e água? Essa foi a proposta da festa Seiva, que aconteceu no Rio de Janeiro e viralizou nas redes sociais.
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Entretanto, as pessoas ficaram curiosas sobre os efeitos do cacau, que segundo os organizadores, é um termogênico que melhora a circulação, a respiração e a autoconsciência. Mas será que o cacau também pode causar alucinações se consumido em excesso?
Diante disso, um dos convidados, Pedro Belini, contou em um dos vídeos como foi a experiência de tomar o cacau. Ele disse que o fruto aumentou sua percepção dos sons e dos toques, e lhe deu uma sensação de felicidade e êxtase. O jovem explicou que o objetivo era preparar o corpo para o ritual com o cacau, reduzindo “a frequência da mente e elevando a vibração”.
Assista o vídeo na íntegra AQUI.
Os benefícios do cacau para a saúde e a circulação
Cadu Cassaú, organizador do evento, fala sobre os benefícios do cacau, um alimento que ajuda a relaxar os vasos sanguíneos, melhorar a circulação e que contém teobromina, um alcaloide parente da cafeína e que também está na semente de guaraná.
“O cacau é consumido apenas com água, sem adição de açúcar ou leite. Só isso, cacau e água. Isso faz com que a pessoa se sinta mais conectada com seu corpo, respire melhor e se perceba mais, o que é o contrário do que acontece com o álcool, com efeito anestesiante, sonolento e deixa as pessoas entorpecidas em suas mentes e corpos”, contou à reportagem do portal Terra.
A origem e a história do consumo de cacau e água
Cadu afirma que o cacau não causa alucinações e diz que o uso de cacau e água é antigo, começa a mais de 5000 anos atrás no Equador, conforme uma recente descoberta e reportagem da BBC. “Foi a primeira edição do evento, mas esse tipo de evento acontece no Brasil e no mundo todo todos os meses. Em vários formatos diferentes”, disse.
A opinião de um nutrólogo sobre o cacau e a teobromina
Durval Ribas Filho, médico nutrólogo, endocrinologista e presidente da ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia), explica que a teobromina, encontrada no cacau e nos chocolates com mais de 65% de cacau, tem uma ação anti-inflamatória, antioxidante e diurética. Apesar de ser semelhante à cafeína, elas têm algumas diferenças.
“A cafeína age no sistema nervoso central e pode causar alguns sintomas, como aumentar um pouco a pressão arterial, deixar a pessoa mais agitada. Já a teobromina age no sistema nervoso periférico e, por isso, às vezes ela pode aumentar um pouco a movimentação, baixar um pouco a pressão arterial”, explicou.
Além disso, o especialista disse que a teobromina é considerada uma molécula que combate tumores, inflamações, problemas cardiovasculares e que não tem os efeitos negativos da cafeína. “A teobromina diminui o estresse oxidativo das células, é antioxidante, é uma opção natural e segura para tratar algumas doenças, inclusive comparada à cafeína”, afirmou.
Já o chocolate, segundo ele, tem mais de 400 componentes, e alguns deles estimulam o sistema nervoso central, por isso o abuso pode ser prejudicial. O mesmo vale para o consumo exagerado do cacau puro. Mas os danos do excesso, segundo o médico, estão mais ligados à presença da cafeína do que da teobromina, presente no cacau.
“O cacau tem uma quantidade importante de gorduras, mas ele também tem os polifenóis, ótimos como antioxidantes. Eles têm toda essa relação anti-inflamatória, mas não há dúvida que o ideal é o chocolate amargo, acima de 65%”, explicou
Mais benefícios
Do mesmo modo, entre os benefícios estão os cardiovasculares, contra a obesidade, melhora da flora intestinal e sistema imunológico. “Ele tem um efeito no sistema nervoso central que quando em excesso, ele não é recomendado, pode deixar a pessoa irritada, tirar o sono e até contribuir para um mau-humor. Como todo alimento tem um lado positivo e negativo quando em exagero”, disse.
“O excesso pode fazer com que a pessoa fique alucinada, irritada. A teobromina ainda precisa de mais estudos, mas como ela tem um efeito menor no sistema nervoso central e maior no periférico, ela pode ser consumida em maior quantidade”, ressaltou Durval, que ainda completou dizendo que o cacau pode ser misturado com água e que não é recomendado inalar o pó do fruto.
